2014: “Os earnings momentum vão ser os impulsionadores das ações europeias”

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danielmoyle, Flickr, Creative Commons

Confiante no futuro do mercado de ações europeu em 2014, a Schroders entende que se vive um “contexto macroeconómico favorável na Europa”. Rory Bateman, representante da equipa de ações europeias da gestora, não hesita em referir que apesar do progresso estar a ser feito lentamente, “a economia e os principais indicadores económicos apontam na direção certa”.

Portugal não foi esquecido no Outlook da gestora para o novo ano. Rory Bateman sublinha: “sentimo-nos encorajados pela convergência dos custos unitários do trabalho em toda a zona euro, com Espanha e Portugal a convergir com os níveis da Alemanha”.  No entanto, o especialista sublinha que apesar da evolução, ainda existe uma lacuna ao nível europeu. “A taxa de desemprego continua extremamente alta em alguns países da União Europeia”.

Catalisador chamado “Earnings momentum”

“As ações europeias têm beneficiado de um re-rating nos últimos tempos”. Apesar do prémio de risco da ações europeias continuar alto, Bateman considera que os ganhos registados resultam precisamente de uma descida para máximos históricos do prémios de risco, impulsionada pelo recuo de uma eventual ruptura da zona euro. “As ações europeias continuam atrativas comparando com o seu próprio histórico, e tendo em conta o desempenho das homólogas norte-americanas e asiáticas”, refere.

Rory Bateman não tem dúvidas de que o novo impulsionador para as ações serão os earnings momentum. “Os lucros europeus ainda estão 30% abaixo do seu máximo, enquanto os ganhos dos EUA já ultrapassaram o seu último pico”, analisa o especialista, que vê espaço para a recuperação do crescimento dos lucros domésticos europeus em 2014. “Ainda existe muito potencial  na Europa, em termos de expansão da margem de lucro”, assegura.

Consumo cíclico e Stock-picking: chave para 2014

Na estratégia da gestora para o novo ano, a Schroders aponta o sector do consumo cíclico como uma grande oportunidade. “Com os consumidores a gastarem cada vez mais, a área do consumo cíclico é de particular interesse para nós. Este é o sector onde as atualizações dos ganhos irá acontecer durante os próximos 18 meses”, explica Rory.  Mais do que o foco num país específico ou sector, o especialista reitera que “o mercado europeu em 2014 será o ideal para os stock- pickers”.

Não colocar todos os ovos no mesmo cesto

“Não colocar todos os ovos no mesmo cesto”, assim define Alix Stewart gestora de Fixed Income da entidade, como deve o investidor encarar o seu património no próximo ano. No entanto, para a gestora de Fixed Income, ainda existem algumas oportunidades.

Mesmo com as economias da Europa e dos EUA no mesmo caminho, os europeus estão 18 meses atrás da maior economia do mundo. Apesar de seguirem o mesmo caminho, as políticas monetárias são diferentes, o que pode deixar o crédito na europa num encruzilhada.

A Europa está num ciclo de crédito totalmente diferente daquele que acontece nos EUA, isto se olharmos para os fundamentais. Para a gestora, “as economias da zona euro estão numa fase de estabilização, o que torna tudo num ambiente favorável e benigno para o crédito”.
Já os EUA e o Reino Unido estão numa fase de re-alavancagem. Para Alix Stewart “o acionista nesta fase exige que o dinheiro seja usado mais vezes em vez se ficar parado no balanço das empresas”. Também as Fusões e Aquisições fazem parte deste ciclo atual. A gestora destaca ainda uma “bolha” no Canadá, Austrália e China.

Emergentes podem ajudar a Europa

Sobre os mercados emergentes Alix Stewart afirma que a possibilidade de uma crise é baixa, embora real. É provável que durante o próximo ano haja uma baixa liquidez em dólares. Embora seja um risco real, a velocidade do crescimento do crédito e o Quantitive Easing vai fazer com que a volatilidade seja baixa. Estes fatores nos mercados emergentes aliados ao afastamento de um break-up na zona euro e um subinvestimento em ativos europeus vai ajudar a europa, especialmente no que diz respeito aos mercados de crédito.
No entanto, a correlação entre o mercado de títulos e o de crédito pode influenciar negativamente a escolhas dos investidores.

BCE mais flexível

“O Banco Central Europeu está mais flexível, sobretudo devido à queda recente da inflação”, afirma a gestora. Para Alix Stewart, é “provável que o BCE tenha de ser mais flexível no que toca à política monetária para atingir o seu objetivo da estabilidade dos preços”. “Esta opção estará em desacordo com o que se passa no Reino Unidos e nos EUA”, continua.

Crédito para ultrapassar cash

Os retornos de 2% ou menos que acontecerem em 2013, apesar de baixos, ainda parecem atrativos quando comparado com cash. Alix Stewart espera que a “volatilidade baixa atual continue em 2014, fazendo com que não haja picos nos spreads”.

Podemos ver no mercado de crédito europeu um porto de abrigo para os investimentos, se houver uma retirada de liquidez no resto do mundo que cause problemas aos emergentes e ao crédito em dólares”