Na última década, apenas três anos conseguiram ter um saldo entre subscrições e resgates positivo. Veja o mapa dos últimos dez anos.
Os ativos sob gestão nos fundos mobiliários nacionais podem crescer de duas formas. Uma deles é através da valorização dos ativos que apresentam em carteira ao longo do tempo. A outra é através das entradas líquidas de dinheiro por parte dos investidores. É precisamente neste ponto que nos vamos centrar.
De acordo com os dados publicados pela Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios - APFIPP - referentes ao final do ano passado, é possível ver que as captações líquidas em 2016 atingiram um valor negativo, na ordem dos 922 milhões de euros. Ainda assim, um valor que recuperou no último mês do ano, já que dezembro foi o melhor mês de 2016 em termos de captações líquidas, com o valor a ser positivo na ordem dos 160 milhões de euros.
Nos últimos cinco anos civis, o ano de 2016 foi o pior para o mercado nacional no que toca às captações líquidas. No mesmo período, apenas dois anos tiveram saldo positivo: o de 2015 com um valor acima dos 328 milhões de euros e ainda o de 2012, que foi o melhor ano desde 2011 com um saldo entre subscrições e resgates de quase 660 milhões de euros. Os restantes anos apresentaram captações líquidas negativas. Em termos totais, o mercado nacional de fundos de investimento mobiliário encolheu praticamente mil milhões de euros nos últimos cinco anos, se apenas avaliarmos as captações líquidas.
Última década com queda abrupta
Se alargarmos os prazo de análise, as quedas são bastantes substanciais. Nos últimos dez anos (entre 2007 e 2016), as captações líquidas no mercado nacional tiveram um saldo negativo de quase 17 mil milhões de euros. No entanto, existem alguns motivos que explicam esta queda abrupta no segmento de fundos mobiliários. Desde logo a crise de 2008, passando pela crise da dívida soberana e ainda pelo que aconteceu no Banco Espírito Santo, levaram a que houvesse uma maior quebra de confiança por parte dos investidores, quer nacionais quer internacionais.
Nesses dez anos, apenas por três vezes as captações líquidas foram positivas. Além dos anos já mencionados (2015 e 2012), também o ano de 2009 teve um saldo entre subscrições e resgates positivo.
Com tudo isto, o segmento mobiliário nacional também encolheu. No espaço de uma década, os ativos sob gestão caíram mais de 56%, tendo passado de 25.700 para 11.100 milhões de euros. Também no número de fundos houve uma descida, no caso de 40%, com os produtos disponíveis a recuarem de 291 para 174 fundos.
Dados anuais das captações líquidas ao longos dos últimos dez anos
Fonte: APFIPP