3/4 das empresas de seguros registaram uma deterioração do rating médio das carteiras obrigacionistas

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T_____13, Flickr, Creative Commons

Num relatório que analisa os riscos do setor segurador e dos fundos de pensões, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) analisa o cenário que atualmente se vive onde as taxas de juro são baixas, o que classificam como “um aspeto incontornável da economia europeia, mantendo-se as taxas para as maturidades até 2 anos em patamar negativo, próximas de mínimos históricos”.

Referem que apesar de o BCE ter prolongado o programa de estímulos até setembro de 2018, decidiu reduzir para metade – 30 mil milhões de euros numa base mensal – o montante de compra de obrigações dos governos da área do euro a partir de janeiro de 2018, existindo, portanto, sinais de que o cenário de “baixas taxas de juro irá continuar presente no horizonte das empresas de seguros europeias, afetando negativamente a sua rendibilidade e solvabilidade”.

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Analisando especificamente o ano de 2017, a ASF explica que a evolução da curva básica de taxas de juro sem risco evidencia alguma recuperação face aos níveis muito reduzidos registados anteriormente, amenizando parcialmente o impacto ao nível da valorização dos passivos. No que respeita aos ativos, “o panorama de baixas taxas de juro coloca desafios adicionais às empresas de seguros, que necessitam de assegurar rendibilidades interessantes para a sua carteira”, referem.

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O peso global da dívida soberana nas carteiras amenizou-se em 2017, interrompendo, de acordo com a entidade, vários semestres consecutivos de incremento da sua representatividade. No entanto, a qualidade creditícia das carteiras obrigacionistas manteve-se semelhante, conservando a notação de BBB, correspondente a Credit Quality Step (CQS) 3.

Porém, da ASF afirmam que cerca de três quartos dos operadores registou uma deterioração do respetivo rating médio da carteira detida, “sendo que, em oito casos, isso redundou na descida de um nível de notação”. Em contrapartida, para os operadores que assistiram a uma subida do rating médio da sua carteira, em três desses casos a melhoria foi de um nível de notação. A entidade realça ainda que “as carteiras de cinco empresas apresentam um rating médio abaixo de investment grade”, o que corresponde a mais uma do que no final de 2016.

A partir da ASF referem ainda que a revisão em alta do rating da dívida pública nacional, em setembro pela S&P e em dezembro pela Fitch, não está ainda refletida na informação considerada neste estudo, sendo por isso expectável que em análises futuras se observe uma melhoria da qualidade creditícia das carteiras de obrigações dos operadores.

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Fonte: ASF, janeiro de 2018

Em termos agregados, a duração média da carteira obrigacionista aumentou de 4,7 para 5,2 anos, resultado da maturidade de títulos detidos em carteira. A ASF conclui também que a classe CQS 4 (correspondente à notação BB), nas durações de 5-7 anos, continua a ser a mais representativa nas carteiras das empresas de seguros.