46% dos investidores portugueses temem que o valor da reforma não seja suficiente

Reforma pensões
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Chegou a altura do Schroders Global Investor Study se dedicar ao tema da reforma. Trata-se da última fase do estudo que ausculta mais de 23 mil pessoas com dinheiro investido em 32 locais do mundo, e que também se debruça sobre o comportamento dos investidores nacionais. Nesse sentido, o documento revela um número surpreendente: 46% dos investidores portugueses temem que o valor da sua reforma não seja suficiente. 

Esta é uma das maiores percentagens da Europa, apenas excedida pelos belgas (52%) e pelos dinamarqueses (50%), revela o Schroders Global Investor Study. Mais de metade dos portugueses (54%), avança ainda o estudo da Schroders, considera que a reforma assegurada pelo Estado não é suficiente para viver. Esta é uma preocupação que está alinhada com a média europeia (52%), mas que denota também vieses geracionais. Indicam que esta preocupação parece crescer com a idade, já que os Millennials se revelam mais confiantes com a reforma (50%), comparativamente à geração X (55%) e aos BabyBoomers (57%).

Schroders estudo reforma

Preferência pelos fundos de pensões

38% dos investidores a nível global diz desconhecer ou não compreender as opções que têm disponíveis para as suas poupanças na reforma (37% na Europa), uma preocupação que em Portugal baixa para os 31% dos investidores. Quando o assunto se trata da vida pós reforma, são 61% dos inquiridos nacionais que consideram que o seu nível de despesa aumentará ou permanecerá igual. Os investidores nacionais apresentam prioridades distintas quanto ao rendimento disponível nessa altura: 28% refere o investimento em fundos de pensões, seguida do depósito do rendimento numa conta poupança (19%) e, por último, o investimento em ações ou títulos (18%). Estes são números que contrastam com a média europeia, com 25%, 17% e 25%, respetivamente.

Portugal na cauda da poupança

De salientar ainda que “apesar das preocupações com o seu futuro e de apenas 39% dos investidores portugueses esperar que o seu nível de despesa diminua”, o estudo da entidade salienta “um decréscimo preocupante das taxas de poupança portuguesas”. Enquanto, em média, os investidores a nível global poupam especificamente 15% do seu rendimento atual para a reforma, quase 14% na Europa, os portugueses são os que revelam menores taxas de poupança no quadro europeu, não chegando a atingir os 12% (à semelhança da Suécia). De destacar a queda face ao ano passado, em que Portugal atingiu o recorde máximo de taxa de poupança na ordem dos 15%.

Carla Bergareche, diretora geral da Schroders para Portugal e Espanha, mostra a sua preocupação sobre estes números. “Estamos preocupados que os portugueses não estejam a poupar o suficiente para a sua reforma e que a sua atual taxa de poupança seja insuficiente para compensar o valor da reforma. Tal facto reforça a necessidade de complementar a reforma com outras poupanças e fontes de investimento, em especial se considerarmos que a esperança média de vida está a aumentar”.

Outro dos aspetos abordados no estudo prende-se com as constantes mudanças das regras em torno da reforma pelos Governos. Em termos globais, a maioria dos investidores revela que estas prejudicam a sua capacidade para poupar, com os investidores na Tailândia, Áustria e China a destacarem-se entre os mais desiludidos. Os portugueses revelam uma maior estabilidade nesta matéria, com apenas 34% a revelar alguma preocupação.

Conheça ou recorde a opinião da APFIPP sobre a poupança em Portugal, pela voz de João Pratas, presidente da Associação, em declarações ao projeto Insights Portugal.

Pode consultar mais sobre o Schroders Global Investor Study 2020 aqui