Sete em cada vez considera a inflação como o grande risco que enfrenta a sua carteira, mas a maioria defende que a subida é transitória, segundo um inquérito da Natixis IM.
Com a variante ómicron a desencadear novas dúvidas sobre o crescimento económico, a inflação a subir e os bancos centrais a começar a tirar o dinheiro do mercado, cresce a dificuldade de encontrar algo nos mercados financeiros.
Ainda assim, a tónica geral que se está a ver entre os investidores institucionais é a de wait and see. De facto, segundo o último inquérito a este tipo de investidores realizado pela Natixis IM, do ponto de vista estratégico a ampla maioria manteve posições na sua alocação global, que continua a mostrar preferência pelas ações (39%). Seguem-se as obrigações (37%), as alternativas ou outras (19%) e liquidez (5%) face ao próximo ano.
Apesar de serem a maioria, 69% afirmam que a inflação é o grande risco que enfrentam as suas carteiras atualmente, são também maioria (55%) os que consideram que a subida vista nas últimas semanas será algo temporário. Não é o único risco que preocupa os investidores, sobretudo, no curto prazo. A política de taxas de juro também os preocupa e, de facto, 64% dos inquiridos cita as taxas de juro como principal risco da carteira. Não em vão, é preciso ter em conta que quase sete em cada dez (68%) acredita que quando os bancos centrais deixarem de imprimir dinheiro a maioria do mercado acionista chegará ao seu fim. Ainda que se mostram confiantes de que não passará do ano que vem.
Onde encontrar rentabilidade em 2022
Após mais de uma década de baixas taxas e com cada vez mais obrigações a registar rentabilidades negativas, complicou-se muito a tarefa de encontrar retornos positivos, sobretudo nos perfis de investimento mais conservadores. E uma das opções a que mais se recorreu neste contexto é a dos ativos privados e alternativos, não só como fonte de alfa, mas também de diversificação da carteira.
De facto, segundo os dados da Natixis IM, 84% dos investidores institucionais investem agora em capital privado, 81% em dívida privada e 81% em infraestruturas. E isto vê-se apesar de menos de metade dos inquiridos (45%) acreditar que os ativos privados vão oferecer um refúgio seguro em caso de correção do mercado, devido aos elevados preços que têm muitos deles.
Também vão ganhando interesse os ativos digitais entre os investidores institucionais. Em concreto, 28% já investe em criptomoedas e quatro em cada dez acredita que oferecem um potencial de revalorização.
Otimistas no económico
As interrupções nas cadeias de fornecimento, a política dos bancos centrais e os efeitos que possa ter a variante Ómicron na economia são os três grandes riscos que ameaçam a recuperação económica. Apesar de tudo, são mais os otimistas do que os pessimistas face à economia perante 2022.
De facto, 60% afirma que acredita que a vida voltará à normalidade pré-COVID depois da pandemia, ainda que esta continue a marcar também as preferências de investimento em certa medida. E 59% das entidades acredita que o setor energético terá melhores resultados em 2022, quase metade (49%) também considera que a saúde terá um retorno superior em respostas à produra de COVID.
Pelo contrário, espera-se que os mercados tradicionalmente defensivos como o imobiliário e o dos serviços públicos sejam os que obtêm os piores resultados no ano que vem.