Segundo um inquérito realizado pela Natixis IM, o prolongamento das taxas baixas é o risco número um para este tipo de investidores, à frente do abrandamento económico e dos conflitos geopolíticos.
A era das taxas baixas deixou grande parte do mercado de dívida com rentabilidades negativas, o que não só é um problema para os investidores mais conservadores, também o é para investidores institucionais, que consideram cada vez mais complicado encontrar ativos com rendimentos adequados sem ter de recorrer à assunção de riscos desnecessários. Um desses investidores é o setor das seguradoras. De facto, segundo a Insurante Survey, um inquérito realizado pela Natixis IM a 200 diretores de investimentos e membros de equipas de investimento, 74% das empresas do setor dos seguros afirma que é complicado equilibrar a geração de alfa e o custo de capital num contexto de baixa rentabilidade.
De facto, para a vasta maioria das companhias de seguros o grande risco que veem em 2020 não é um abrandamento da economia, mas que se mantenha o contexto de taxas de juro em níveis de 0% como afirmam 73% dos inquiridos. E não é só isso, já que uma ampla maioria, 61% do total, também se mostra preocupado com um abrandamento da economia e 48% mostra-se preocupado com os riscos geopolíticos.
Daí o crescente interesse que o setor mostrou perante a inclusão de ativos alternativos nas suas carteiras que lhes permitam gerar essa rentabilidade extra que já não encontra noutros mercados tradicionais. Tanto que 75% dos inquiridos acredita que é essencial contar com classes alternativas de investimentos e mais de metade, 53%, afirma que cada vez utilizam mais alternativas como substituição dos rendimentos fixos.
Outra coisa é que não investem tanto como queriam neste tipo de estratégias alternativas já que 89% dos inquiridos afirma que as normas regulatórias os impedem de investir neste tipo de ativos. Um número que cresceu consideravelmente se analisarmos os resultados do mesmo inquérito publicado em 2015, quando apenas metade dos inquiridos afirmava ter a regulamentação como grande obstáculo no momento de investir em alternativos.
Não obstante, o crescimento de interesse face a este tipo de ativos foi acompanhado por uma maior externalização da carteira de investidores das seguradoras. Vê-se que 72% dos inquiridos externaliza parte da sua carteira e fazem-no por várias razões ainda que a principal seja para poder ter acesso às melhores experiências e capacidades sobre este tipo de ativos.
“Os investidores enfrentam novos desafios devido à firme postura do contexto normativo no setor e é lógico que a maioria decida contar com especialistas externos que os ajudem a mover-se no complexo mercado atual”, destaca Sophie del Campo, diretora geral para a Península Ibérica, América Latina e US Offshore da Natixis IM. “É possível que aos CIO lhes custe incorporar recursos nas suas equipas de investimento, já por si só reduzidas, e é especialmente necessário contar com a assessoria e a execução de especialistas de grande qualidade”, afirma.