O fundo NB Rendimento Plus da GNB Gestão de Ativos foi o fundo de obrigações português com a melhor relação rentabilidade/risco em 2019. João Zorro, o gestor, explica a filosofia, posicionamento e as convicções da equipa.
Não é muito comum vermos retornos em fundos de obrigações próximos dos 10% num contexto de política monetária como o que experienciámos na última década. Contudo, nos últimos meses de 2018 criou-se a tempestade perfeita para que 2019 fosse um ano de tal maneira positivo para os ativos de risco que vários fundos portugueses de obrigações aproximaram-se dos dois dígitos de retorno. O fundo NB Rendimento Plus, gerido por João Zorro, da GNB Gestão de Ativos foi um deles. Com 9,36% de retorno no ano não foi só o segundo fundo de obrigações mais rentável, como o primeiro em termos de relação rentabilidade/risco.
Em entrevista à Funds People, o gestor clarificou o posicionamento desta estratégia de investimento como uma de maior tolerância à volatilidade dentro da oferta da entidade gestora. A par com o seu “primo” luxemburguês, o NB Opportunity Fund, são fundos que encaixam melhor na carteira de investimento de um investidor que procura um retorno superior em obrigações, mas que tem uma tolerância ao risco igualmente superior. “O perfil de risco deste fundo força-nos a explorar todas as sub-classes possíveis do segmento de obrigações e olhar para muito mais especificidades do que outros fundos mais conservadores. Resulta do contributo de todos os membros da equipa da GNB GA, cada um com a sua especialização no mercado de obrigações. Cabe-me a mim, como gestor, mas também a toda a equipa decidir a alocação que faz sentido no fundo”, introduz.
Ênfase na alocação
João Zorro tem já duas décadas de experiência na gestão de obrigações, pelo que já passou por contextos de mercado muito distintos e que exigiram abordagens distintas. No atual, o gestor coloca a ênfase na alocação, no que ao processo se refere. “A verdade é que desde que começou o primeiro programa de compras do BCE foram-se diluindo as diferenças entre os títulos individuais. Praticamente não se vê muita diferença nas valorizações”. Neste sentido, para o gestor, a seleção de títulos perdeu algum do seu protagonismo e o seu trabalho assenta mais numa definição de exposição a sub-classes do que de seleção dos nomes individuais. “Temos introduzido, por isso, no segmento high yield, o investimento pontual em ETF como forma de estar exposto ao segmento, privilegiando a diversificação em detrimento dos nomes individuais”, explica.
Fontes de performance
2019 foi então um ano em que o tema foi, por um lado, a convergência dos prémios de risco das dívidas públicas periféricas com as core europeias, mas também uma história de bom comportamento de duas classes específicas de crédito. “O fundo ganhou em 2019 com a convergência dos spreads da Grécia, Portugal e Itália - esta última com alguma volatilidade - enquanto na componente do crédito foram as emissões de dívida híbrida as fontes de maior retorno, quer corporativas, quer financeiras, as AT1, neste último caso”, detalha João Zorro, acrescentando um fator distintivo do fundo, a flexibilidade: “Ao investirmos num emitente, temos a possibilidade de decidir em que parte da estrutura de capital nos faz mais sentido”.
Para 2020, segundo o gestor, o tema mantém-se, muito embora a expetativa de retorno seja bastante mais modesta. “As obrigações híbridas perderam um pouco do seu interesse, mas mantemo-nos expostos. No entanto, neste momento o mais importante é a diversificação. Estamos a viver uma conjuntura muito positiva, mas também temos que nos preparar para o caso de a situação se inverter mais cedo ou mais tarde. Sentimos frequentemente que não pecamos por sermos mais conservadores, mas pondo-nos no papel dos nossos investidores, é isso mesmo que queremos. Preferimos uma lógica de previsibilidade e de estabilidade dos retornos do que grandes picos de volatilidade. Os investidores querem uma carteira equilibrada”, termina.