“A colocação de produtos financeiros complexos mantém-se pujante”

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Nutsinbulk, Flickr, Creative Commons

Focando agora na colocação de produtos financeiros complexos, Carlos Tavares, Presidente do Conselho de Administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) analisou a evolução da mesma num paper intitulado “A crise financeira: Aprendemos as lições?”, onde se propôs a analisar a evolução de diversos segmentos da economia e dos mercados, 8 anos depois da maior crise financeira desde a Grande Depressão.

A opacidade de muitos instrumentos financeiros complexos criados e distribuídos antes da crise financeira foi uma das principais causas apontadas para amplificação e propagação da mesma. Neste sentido, Carlos Tavares é categórico ao afirmar que “não surpreendeu a recomendação de que os produtos financeiros deveriam ser mais simples, transparentes e mais fáceis de entender pelos investidores”. No entanto, aponta também que “o que verificamos oito anos depois é que, apesar do montante “vivo” de produtos complexos ter vindo a diminuir paulatinamente, o número de produtos distribuídos tem aumentado consistentemente”, ao mesmo tempo, que se observa “uma tendência recente para o aumento da complexidade e dos riscos de perda de capital, fruto da procura de rentabilidades potenciais mais elevadas no contexto de taxas de juro prolongadamente muito baixas”.

Uma das potenciais motivações que o presidente da entidade regulatória aponta como razão para a produção e distribuição deste tipo de produtos será a “transferência de riscos dos balanços dos bancos para outros agentes, incluindo os clientes de retalho”, além de que “para além dos “produtos estruturados” mais tradicionais, têm aparecido novos e mais sofisticados produtos, como os ETF, os ETF sintéticos e as opções binárias, por exemplo, que apresentam dificuldades de compreensão e avultados riscos de capital e de liquidez”.

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Carlos Tavares aponta que “algumas destas tendências têm sido também observadas no nosso mercado”, como podemos constatar nos quadros seguintes, onde se pode “observar a predominância da colocação de produtos com os alertas de risco da CMVM mais elevados, bem como de capital não garantido”. No entanto, o profissional acrescenta que podemos também constatar “alguma melhoria da situação entre 2014 e 2015, provavelmente na sequência do protocolo celebrado entre a CMVM e os intermediários financeiros, no sentido de evitar a distribuição de produtos excessivamente complexos aos clientes de retalho”.

 

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