A Era da Confusão: o que esperar dos retornos nos próximos cinco anos

cinco previsões
Créditos: Isai Ramos (Unsplash)

A Era da Confusão: 2023-2027. Assim define a Robeco o período de cinco anos em que entraremos dentro de poucos meses. E não lhes faltam argumentos. É inegável as muitas e imprevisíveis peças móveis do mercado como pano de fundo, incluindo as crises energética e alimentar, as taxas de inflação de dois dígitos registadas nos países desenvolvidos e a trajetória da China como principal motor de crescimento mundial.

A continuidade das medidas orçamentais de estímulo derivadas da pandemia, os problemas da cadeia de abastecimento e a guerra entre a Rússia e Ucrânia contribuíram para uma inflação inesperadamente elevada durante o ano passado. E como bem recorda a gestora, apenas os investidores mais experientes conhecem em primeira mão os efeitos devastadores que uma inflação tão alta pode ter sobre o poder de compra e sobre as carteiras de investimento.

Que retornos esperar para os próximos cinco anos

A Robeco publicou a décima segunda edição do seu relatório anual Expected Returns (2023-2027), que pretende oferecer uma perspetiva do que os investidores podem esperar nos próximos cinco anos em relação às principais classes de ativos.

O quadro que a gestora holandesa pinta para as carteiras não é particularmente otimista. A sua previsão é que a rentabilidade dos ativos permaneça abaixo das suas médias históricas a longo prazo durante os próximos cinco anos. Principalmente devido às taxas de juro sem risco. É importante ressaltar que é estimado que o prémio de risco em ações atingirá os 3% pela primeira vez nos 12 anos de história da publicação Expected Returns. O que estará abaixo da sua média a longo prazo de 3,5%.

“Na nossa opinião, a fasquia para que a inflação se torne enraizada é bastante alta e as recessões, que prevemos que ocorram de uma forma ou de outra em cada um dos nossos cenários, são muito desinflacionistas. No entanto, o possível surgimento de uma assimetria na distribuição da frequência da inflação prevista nas economias desenvolvidas é um fio condutor essencial para o período de 2023-2027”, analisa Peter van der Welle, estratega de Multiativos da Robeco.

Fonte: Robeco. Setembro de 2022.

Um risco e um vento a favor

Um ponto positivo. Para os investidores com uma carteira internacional cuja moeda seja o dólar norte-americano, as perspetivas são mais promissoras. Uma vez que preveem que as outras divisas se apreciem em relação ao dólar norte-americano e que o bull market chegue ao fim nos próximos cinco anos.

Nesta Era da Confusão, o futuro tornou-se menos previsível, opina Laurens Swinkels, analista da Robeco. Isto também se aplica às consequências do risco climático. A magnitude exata das alterações climáticas nas próximas décadas é incerta e o seu impacto sobre os preços dos ativos é ainda mais incerto. O que sabemos, contudo, é que os responsáveis pela alocação de ativos devem considerar seriamente o impacto a longo prazo das alterações climáticas no desempenho das diferentes classes de ativos.