A evolução da alocação dos fundos perfilados mais agressivos em outubro

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A partir da habitual distribuição dos fundos perfilados nacionais pelos três perfis de risco, chegou a vez de analisar a evolução da alocação dos fundos perfilados mais agressivos em outubro. Com base em dados da Morningstar de outubro, analisámos de que forma os gestores destes produtos adaptaram a alocação num período em que a recuperação da atividade económica na Europa foi abrandada devido à aceleração da propagação do vírus Covid-19 e, nos Estados Unidos, a incerteza nas eleições presidenciais e o adiamento do novo programa de estímulos promoveram um movimento de aversão ao risco.

Nesta linha, Fátima Só, da GNB Gestão de Ativos, comenta que no mês de outubro “os mercados de ações registaram quedas a nível global devido aos receios de agravamento da pandemia Covid. A Europa foi a região mais penalizada no mês, na medida em que foram anunciados novos confinamentos em várias regiões e países. O índice europeu Stoxx600 caiu 5,2%, enquanto nos EUA o índice S&P500 corrigiu 2,8% no mês”.

Alocação por categoria global

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No mês de outubro, a alocação a ações diminuiu face ao mês anterior, enquanto em obrigações aumentou. Isto é, enquanto em setembro a alocação em ações era de 66,35% e em obrigações de 26,98%, no mês de outubro a alocação verificava 64,81% e 27,41%, respetivamente.

A equipa que gere o BPI Reforma Obrigações, explica que “a sinalização de reforço dos programas de estímulo monetário do Banco Central Europeu, suportou o mercado de obrigações, com as yields da dívida pública a caírem na Zona Euro. Nos EUA, pelo contrário, as yields a 10 anos subiram 0.87%".

Alocação geográfica da componente acionista

Quanto à alocação geográfica da componente acionista, esta registou o maior aumento face ao mês anterior na Ásia Desenvolvida. “As ações de mercados emergentes valorizaram perto de 2%, impulsionadas pelo controlo do vírus na região asiática que permitiu uma aceleração da recuperação económica”, afirma a equipa de gestão do BPI Reforma Global Equities no seu comentário mensal.

Em linha com as desvalorizações verificadas nos índices, a região em que a componente acionista registou a maior variação negativa face a setembro foi na Europa Emergente - segundo dados da Morningstar.

Alocação geográfica da componente obrigacionista

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Em relação às obrigações, como esperado, observa-se em quase todas as regiões um aumento da alocação desta componente. O aumento mais significativo foi na Europa Desenvolvida, sendo que, apenas na América Latina o valor da alocação desta componente diminui.

Neste sentido, o gestor Michalis Charalambous da Santander AM explica que “com o aumento da aversão ao risco e a quase certeza que o programa de compras do BCE será aumentado em dezembro, as obrigações soberanas europeias registaram um mês de ganhos, com a dívida italiana (+1,3%) e a espanhola (+1%) a liderarem os ganhos”.

Alocação da componente de fixed income por sub-categoria

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Como se pode verificar no gráfico acima, a exposição mais significativa no mês de outubro continuou a ser em obrigações corporativas. A equipa de gestão da BPI Gestão de Ativos, explica que “na dívida corporate o ambiente de aversão ao risco esteve na origem do alargamento dos spreads de crédito, em particular nos emitentes de pior qualidade”. As obrigações soberanas também aumentaram a exposição, porém em menor peso.