A inflação Europeia desceu para o nível mais baixo desde outubro de 2009, estando cada vez mais longe da meta do BCE de 2% reforçando pressão sobre o BCE. Até agora a actuação tem tido um impacto significativo sobre a cotação do Euro face ao Dólar, que é cotado neste momento perto dos 1.26. Mario Draghi continua a afirmar que o BCE está receptivo à adopção de medidas excepcionais e não convencionais para ajudar a economia Europeia e combater a baixa inflação.
A Europa a abrandar claramente reflecte a ausência de reacção às medidas colocadas em prática pelo BCE e confirma um cenário adverso para o futuro da Zona Euro. Se a escassez de procura do primeiro TLTRO for repetida em dezembro, o BCE terá que se empregar a fundo para mitigar um problema que pode ser resolvido de outra maneira se o BCE agir e não se limitar a esperar para depois reagir.
Estamos a chegar a um ponto em que nem o facto de a liquidez no mercado ser quase gratuita ajuda a melhorar a situação. Muitos analistas afirmam que a maior parte dos fundos solicitados neste TLTRO foi pedido por bancos para amortizar empréstimos anteriores a taxas mais altas, não servindo para ajudar empresas e famílias. Os bancos continuam muito avessos a risco, por cautelas com a sua própria situação e em particular com os testes a que estão obrigados pelo BCE quanto à qualidade dos seus activos e a sua própria solvência. Isso incentiva o emagrecimento dos balanços e num contexto em que a evolução económica parece estagnar com poucas perspectivas de crescimento, com a confiança dos empresários em baixa e com tensões geopolíticas em vários pontos do globo, o futuro próximo não parece risonho.
É um facto que o crédito chega a algumas empresas, mas só chega às grandes empresas que neste momento têm liquidez de sobra, mas essas não aumentam o emprego nem investem na economia. Reduzem endividamento, recompram as suas próprias acções e garantem distribuição de dividendos aos accionistas.
As pequenas e médias empresas, principalmente da periferia da Europa continuam a ter a vida difícil, com custos de financiamento superiores e em clara desigualdade quer com as grandes empresas quer com as empresas similares de outras economias da zona Euro.
O abrandamento notório nas economias emergentes tem repercussão no preço das matérias primas, com natural enfoque na desaceleração da economia Chinesa, que origina excesso de oferta e uma descida na cotação das principais matérias primas. Matérias primas relacionadas com energia, metais e agrícolas registam fortes descidas e tem repercussões na inflação que tanto preocupa os bancos centrais.
O ferro, como matéria prima essencial para alimentar as fábricos de aço Chinesas, serve como indicador do sector de construção e os recentes dados publicados são muito preocupantes numa indústria onde grande parte das empresas é dependente dos subsídios do estado para continuar rentável. O maior barómetro do estado das economias e do crescimento global encontra-se abaixo da barreira psicológica dos 100 Dolares e reflecte o abrandamento económico global e ao fortalecimento da divisa Americana.
Um novo ciclo parece estar em marcha, vamos ver o que o futuro nos reserva.
(Imagem: Niccolò Caranti, Flickr, Creative Commons)