A gestão ativa faz sentido: diz a Vanguard

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Richard Hall LRPS, Flickr, Creative Commons

Numa indústria tão competitiva como a da gestão de ativos, não é habitual que as gestoras deem pistas sobre que estratégias seguir para superar em rentabilidade os fundos que comercializam. No entanto, por vezes as entidades gestoras fazem reflexões interessantes, que vão mais além do que é core do seu negócio. O mais recente exemplo foi a Vanguard. Ainda que seja certo que a empresa norte-americana é mundialmente conhecida pelas suas estratégias de gestão passiva, onde concentra grande parte do seu património, a entidade publicou um artigo na sua página web no qual reconhece que bater o mercado é possível se o investidor souber eleger bem o gestor e a estratégia à qual confiar o seu dinheiro.

Esta informação foi transmitida pela Vanguard através de Dan Newhall, responsável de seleção de gestores, divisão encarregue de avaliar o comportamento dos fundos de gestão ativa que a entidade comercializa. Foi ele que deu as pistas sobre como selecionar corretamente os gestores que potencialmente serão capazes de gerar a longo prazo uma rentabilidade superior à que os índices proporcionam e, em consequência, os produtos de gestão passiva que os replicam. E também sobre como os investidores podem tirar o maior proveito possível dos fundos de gestão ativa. Para Newhall, existem três factores chave para que os investidores tenham sucesso a longo prazo com um fundo de gestão ativa. Resumem-se a talento, custo e paciência.

O primeiro, o talento, refere-se a investir em profissionais com uma filosofia sensata e claramente articulada. Se o que o investidor procura são bons resultados, não se deve começar por filtrar rentabilidades passadas. “Não desperdiçamos tempo a eleger gestores com base na performance. Se se tem uma empresa de classe mundial, com grandes profissionais – refiro-me a gente brilhante – e com processos disciplinados que são seguidos fielmente, então pode-se ignorar o ruído como o das rentabilidades a um ano. Os melhores gestores têm um enfoque claramente definido que lhes dá uma vantagem face aos restantes. Há que procurar gestores com track records competitivos relativamente aos índices e competição em distintos contextos de mercado, não somente em fases de subida ou descida dos mercados”, afirma o especialista.

O segundo é minimizar o custo. Muitos investidores estão dispostos a pagar pelos fundos que estão nos primeiros postos por rentabilidade e muitos deles assumem que as melhores gestoras cobram comissões mais elevadas. Mas aqui está o paradoxo: pagar um prémio não garante uma melhor rentabilidade, mas sim o contrário. “De todos os factores que contribuem para gerar a rentabilidade a longo prazo, o custo baixo é um dos mais preditivos para que os fundos de gestão ativa tenham sucesso. Quanto maior for o custo do produto, maior será o obstáculo para superar a rentabilidade. Classificar fundos pelo custo é um bom ponto de partida na altura de procurar uma estratégia de gestão ativa”, assegura Newhall.

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O terceiro factor é ter paciência. “Não basta identificar os fundos ativos de baixo custo que contam com características consistentes de rentabilidade a longo prazo. O terceiro elemento é parte de quem escolhe. Como investidores, há que ter paciência com a gestão ativa. Nenhum gestor vai proporcionar todos os meses uma rentabilidade acima do índice. A chave para capitalizar essa rentabilidade superior é manter-se investido. Muitos investidores desinvestem de um fundo depois de três anos de maus resultados. Mas é necessária paciência. Dos 2.202 fundos de ações ativos em princípios de 2001, 476  superaram os índices. No entanto, 98% dos 468 fundos que superaram em rentabilidade o mercado registaram rentabilidades inferiores às do índice em 4 de 15 anos. Inclusivamente os fundos de maior sucesso podem experienciar períodos de tempo muito prolongados de rentabilidades inferiores”.

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