A magia do Pull-to-Par

fundos obrigações
Créditos: Austin Distel

“As obrigações a curto prazo de empresas solventes geralmente mostram menos volatilidade de preços que as suas contrapartes a longo prazo. As obrigações a curto prazo não costumam negociar abaixo do par. E, quando o fazem, tendem a reverter rapidamente”, explica Warren Hyland, gestor da Muzinich & Co. Ou seja, tendem a convergir de novo para o par à medida que a obrigação se aproxima do vencimento. Isto é conhecido como o efeito pull-to-par. A correção vivida pelas obrigações na primeira metade do ano levou a que certas obrigações de curta duração negociassem abaixo do par.

O efeito pull-to-par também ajuda as obrigações a curto prazo a recuperarem das quedas. À medida que as obrigações se aproximam do vencimento, o preço aproxima-se do seu valor nominal. Esse pull-to-par pode levar a um maior rácio de Sharpe, o que, na opinião de Hyland, destaca os benefícios de investir em obrigações a curto prazo.

Compreender os aspetos técnicos

Como Federico Eisler, professor do Mestrado em Bolsa e Mercados Financeiros do IEB, começa por lembrar, para qualquer obrigação de taxa fixa com vencimento certo, há três razões para a alteração de preço:

  1. Alteração das taxas das obrigações da mesma classe ou comparáveis
  2. Efeito Roll the curve (up ou down/cima ou baixo)
  3. Efeito Pull-to-Par

Depois, e especificamente para uma obrigação com componente de crédito:

  1. Alteração nas yields das obrigações como resultado de uma alteração nas suas circunstâncias de crédito (melhoria ou decadência), ou nas circunstâncias de obrigações comparáveis (por indústria, segmento de rating, etc.)

O efeito Pull-to-Par

Mas centremo-nos no efeito pull-to-par. Temos que assumir que as yields das obrigações em questão não se moverão até ao vencimento. Se a yield não mudar entre a data de compra e o vencimento, três coisas podem acontecer, explica Eisler:

a) Se a obrigação negociar ao par, ou seja, a yield é igual ao cupão, então a obrigação continuará cotada ao PAR até ao vencimento.

b) Se a obrigação negociar abaixo do par (com desconto), a obrigação irá subir automaticamente de preço à medida que nos aproximemos do vencimento. “Simplesmente porque no vencimento terá que nos pagar PAR”, explica o professor. Em inglês, este movimento chama-se accretion to PAR.

c) Se, pelo contrário, a obrigação negociar acima do par (premium bond/obrigação a prémio), a obrigação irá baixar gradualmente até alcançar o par no vencimento. Em inglês, the bond amortises.

Para entender melhor o efeito, Eisler partilha um gráfico e uma tabela ilustrativa de um dos livros de Fabozzi, o Papa da literatura sobre Obrigações:

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