A pandemia não trava o crescimento da riqueza mundial: aumenta 7,4% em 2020

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Créditos: Eric Muhr (Unsplash)

O bom comportamento dos mercados financeiros, unido aos planos de estímulos, tanto monetários como fiscais, levados a cabo pelos distintos governos e bancos centrais são duas das razões que estão por detrás do facto de que, até em tempos de pandemia, se tenha visto um crescimento da riqueza.

Assim consta no relatório Global Wealth Report 2021 que acaba de publicar o Credit Suisse, que marca em 7,4% o crescimento visto em 2020 e em 6% o auge da riqueza por adulto, um máximo recorde de 79.952 dólares.

Em concreto, a riqueza mundial agregada aumentou em 28,7 biliões de dólares até alcançar os 418,3 biliões de dólares no fim do ano. E a maior parte desse novo dinheiro viu-se em duas das regiões mais ricas do planeta como a América do Norte (12,4 biliões) e a Europa (9,2 biliões). Portugal manteve-se dentro da lista de países com uma riqueza média superior a 100.000 dólares por adulto, tal como acontecia um ano antes.

Segundo afirmam na entidade, não se viu em termos gerais que os países mais afetados pela pandemia acusassem uma maior queda da riqueza ainda que a Índia e América Latina tenham registado perdas em 2020. A riqueza total na Índia caiu 4,4% em termos percentuais, para a qual também contribuiu a taxa de câmbio enquanto na América Latina, a região com piores resultados, o retrocesso foi de 11,4%.

Desigualdade por segmento da população

Esta desigualdade entre regiões viu-se também quando se analisam os diferentes subgrupos de população devido, sobretudo, a dois fatores: composição das carteiras e mudanças nos planos de rendimentos. “A riqueza dos que têm uma maior proporção de ações entre os seus ativos, por exemplo, os indivíduos de meia idade tardia, os homens e os grupos mais ricos em geral, tiveram tendência a sair-se melhor”, afirmam na entidade. Pelo contrário, as mulheres trabalhadoras foram especialmente afetadas pela pandemia, em parte devido à sua representação em empresas ou indústrias muito afetadas pela pandemia como as dos restaurantes, hotéis e serviços e comércio a retalho.

Também foram mais afetados tanto os indivíduos que não contam com uma habitação ou propriedade como os que não contam com um apoio em forma de ajudas governamentais que os ajudasse a combater em parte a falta de rendimentos causada pela pandemia. “Nos países sem ajudas, os grupos vulneráveis, como as mulheres, as minorias e os jovens viram-se especialmente afetados”, afirmam na entidade.

Aumentam os milionários

Segundo os dados do relatório, que pode ser consultado aqui, o número mundial de milionários aumentou em 5,2 milhões ao alcançar os 56,1 milhões. E desses milionários, o grupo que mais crescimento teve foi o das pessoas com muito poder de compra. “O grupo de pessoas de elevado poder de compra (ultra high net worth ou UHNW) cresceu ainda mais rápido, somando mais 24% de membros, a maior taxa de aumento desde 2003”, afirmam.