Eleições gregas e preços do petróleo são os temas quentes que iniciam o ano
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A frágil recuperação económica global apesar dos esforços feitos pelos bancos centrais, o aumento da incerteza quanto ao futuro da Grécia e a forte descida do preço do petróleo, são os temas a prender as atenções do mercado neste arranque de 2015, com os investidores a mostrarem-se avessos ao risco e penalizando as bolsas um pouco por todo o mundo.
Com os especialistas na dúvida quanto aos motivos que levam o preço a cair para níveis abaixo dos 50 Dólares por barril, os países produtores de petróleo são penalizados já que necessitam do preço perto dos 100 para equilibrar os seus orçamentos e sobrevivem muito dificilmente com preços abaixo dos 80 Dólares por barril.
A estratégia seguida pela OPEP com a manutenção da produção parece ser parte de uma estratégia para enfraquecimento dos países que recorreram a estratégias diferentes para a solução energética mas que têm o óbice de ter um custo de produção/extração bastante mais elevado do que o custo de extração do petróleo no Médio Oriente (que ronda os 4 Dólares por barril). Numa altura em que o planeta se vira para soluções energéticas alternativas mais amigas do ambiente, se o custo do petróleo cai para menos de metade do que era há um ano atrás, deixa de ser uma opção económica para se tornar uma questão ideológica a mudança para energia mais amiga do ambiente.
Existem pelo menos três dados a ter em atenção quando se aborda a questão da queda do preço do petróleo ser um problema para um país:
. O breakeven no orçamento - que preço é necessário para que cada país evite deficit no orçamento
. O breakleven contabilístico - que preço é necessário para que o projecto de extração seja rentável
. O custo do capital - que preço é necessário para que quem extraia mantenha os seus projectos anteriores
O custo de extração depende de uma série de factores e as empresas extractoras têm alguma relutância em fornecer dados concretos acerca das suas operações. Eis uma estimativa elaborada com base em dados fornecidos por traders e analistas:
O petróleo da Arábia Saudita é o de extração mais barata no mundo dada a sua localização perto da superfície e dado a extensão dos seus campos petrolíferos.
O preço de extração situa-se entre os 4 e os 6 Dolares por barril.
Emirados Árabes Unidos - cerca de 7 Dolares
Cazaquistão - 18 Dólares
Venezuela - 20 Dólares
Nigéria - offshore - 30 Dólares, onshore 15 Dolares
Angola - offshore 40 Dólares
Mar do Norte - 50 Dólares
Brasil - 45 Dólares
Estados Unidos - Shale oil - 60 Dólares
Quando o preço do "ouro negro" sobe a economia global sofre, com o preço a descer isso devia significar crescimento, será que é isso que acontece? Iremos assistir a uma nova era com o preço do barril muito baixo num mercado onde a procura e a oferta têm pouco a ver com o preço a que se encontra o activo?
Não nos podemos esquecer que existe a expectativa de subida de taxas de juro nos Estados Unidos. O petróleo é cotado em Dólares, os compradores precisam de Dólares para comprar petróleo, e durante anos as taxas de juro perto de zero nos Estados Unidos encorajaram especuladores a comprar petróleo como investimento.
Se as taxas de juro sobem e os preços do petróleo se mantiverem, os custos desse investimento serão maiores, o que poderá levar os especuladores a largarem esses contratos fazendo assim descer ainda mais o preço, penalizando países como o Irão, a Venezuela e a Rússia com impacto muito forte nas suas politicas económicas e nos seus orçamentos.
2015 promete ser um ano muito interessante, com vários mercados a experienciar bolhas e esta queda do preço do petróleo pode potenciar o surgimento de mais problemas em vários mercados.
Outro dos temas fortes do arranque do ano é a proximidade das eleições legislativas na Grécia. E a hipótese de o partido de esquerda Syriza poder ganhar as eleições assusta a Europa dado que o Syriza rejeita as medidas de austeridade impostas e equaciona o abandono do Euro. A instabilidade política sempre ameaçou a frágil recuperação económica Grega e essa incerteza sobre os destinos do país fez aumentar o custo do endividamento acima dos 10% (juros da dívida pública a 10 anos cotados a 10.553%) e afundou a bolsa de Atenas. Um alívio para o mercado é o facto de, caso a Grécia saia do Euro agora, o impacto sobre a Europa é menor do que se tivesse acontecido em 2012. A UE tem agora o Mecanismo Europeu de Estabilidade que pode prestar assistência financeira se for necessário. Algumas das economias que podiam sofrer por contágio parecem ter ultrapassado o pior da crise, casos de Portugal, Espanha e Irlanda.
(Imagem: Scott Beale,Flickr, Creative Commons)