A razão para a incrível resistência demonstrada pelas ações britânicas em janeiro

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Créditos: Eduardo Casajús Gorostiaga

Para os investidores em ações britânicas, janeiro de foi especialmente invulgar.  Num mês turbulento em que praticamente todos os índices de ações de mercados desenvolvidos caíram, o FTSE 100 conseguiu obter uma pequena subida. Paralelamente, 31 de janeiro assinalou o segundo aniversário do Brexit. Pode haver uma relação entre os dois eventos?  Como explicado pela DWS, sim, mas não da forma que possamos pensar.

Vamos começar por lembrar algo que deve ser óbvio, mas quase nunca é: a correlação não implica causalidade. No mínimo, é necessária uma explicação plausível para o porquê de uma coisa ter feito com que acontecesse outra coisa. “Em janeiro, uma esquiadora britânica ganhou a medalha de ouro no Campeonato do Mundo de Esqui Alpino pela primeira vez na história. Com base nesses dados, devemos assumir que a vitória de Dave Ryding no slalom de Kitzbühel, na Áustria, foi graças ao Brexit? Provavelmente não”.

No entanto, ao analisar as implicações económicas e financeiras de um evento político, os comentadores geralmente fazem tais relações quase sem pestanejar, uma vez que o seu julgamento é ensombrado por retrospetivas e outros vieses mentais.

Um gráfico para análise

O gráfico apresentado pela gestora alemã mostra como é fácil cometer erros. “Consegue ver os vários pontos de viragem da saga do Brexit na tabela? Se sim, provavelmente está errado, porque os preços estão em moeda local. Como o FTSE 100 é constituído principalmente por empresas multinacionais que geram as suas receitas em todo o mundo, os momentos em que as más notícias sobre o Brexit provocaram uma depreciação da divisa, normalmente, fizeram com que as suas ações, expressas em libras esterlinas, ganhassem valor”.

 Fomte: Bloomberg Finance L.P., DWS Investment GmbH a 1/2/2022.

Quanto aos lucros recentes, não parecem ter muito a ver com política. “Pelo contrário, parecem refletir a baixa presença de valores tecnológicos não rentáveis no FTSE 100, bem como a maior ponderação do índice em ações de energia, mineração, finanças e cuidados de saúde”.

Como refere Thomas Bucher, estratega de ações globais da DWS, “os investidores estão mais uma vez a tornar-se sensíveis às avaliações e estão a perder interesse em ações que só foram apoiadas pelas narrativas. Isto também resume bem as lições do Brexit para aspirantes a caçadores de pechinchas. Os cataclismos políticos, como a saída do Reino Unido da UE, podem criar oportunidades, mas provavelmente serão mais abundantes entre as empresas mais pequenas do que a nível de índice. Além disso, é conveniente ter muita certeza da nossa análise do alegado negócio e não ficar surpreendido se os restantes investidores demorarem um pouco mais a detetá-lo”, conclui.