A tipologia de cliente da gestão de ativos nacional

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Gabrielle Henderson, Unsplash

O relatório Asset Management in Europe – Facts and Figures produzido pela EFAMA (European Fund and Asset Management Association) detalha um conjunto de dados comparativos sobre o negócio de gestão de ativos entre diversos países europeus. Recentemente mostrávamos que o peso dos mandatos de gestão discricionária era de tal maneira significativo no nosso país que nos coloca num dos extremos por esta métrica no contexto europeu, muito embora as diferenças sejam significativas entre os diversos países.

Já analisando a base de clientes as diferenças não se esbatem. Segundo a Associação, os números  de 2018 patentes no relatório refletem "diferenças no papel de produtos de seguros na poupança reforma, a estrutura dos sistemas nacionais de pensões, no papel dos bancos na distribuição de produtos de investimento de retalho e as atividades transfronteiriças dos gestores de ativos, incluindo a sua capacidade de atrair capital de estrangeiros investidores. Enquanto na maioria dos países os gestores de ativos tendem a ter uma distribuição relativamente equilibrada de clientes, a média europeia é fortemente inclinada para clientes institucionais".

No mercado de fundos de investimento, os clientes de retalho tendem a ser os clientes mais importantes a nível europeu. "No entanto, alguns clientes institucionais, especificamente fundos de pensões e seguradoras, também investem uma parcela significativa das suas carteiras em fundos de investimento. Este é o caso, em particular na Alemanha e na Áustria, onde “Spezialfonds” são veículos de investimento muito populares dedicados exclusivamente às companhias de seguros, fundos de pensões e agências municipais. Os fundos de investimento também são usados ​​extensivamente em esquemas de pensões laborais franceses e os fundos do mercado monetário desempenham um papel importante na gestão de caixa de muitas empresas francesas", detalham da EFAMA. 

O caso português

Portugal, surge aqui novamente num dos extremos do gráfico, mais especificamente naquele onde os clientes institucionais dominam o mercado de gestão de ativos.

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De acordo com os argumentos da EFAMA para a predominância dos mandatos na Europa, vemos que são efetivamente os clientes institucionais que caracterizam o cliente tipo da gestão discricionária em Portugal, numa métrica em que o nosso país se posiciona entre a Hungria e a Itália e a nossa vizinha Espanha ocupa o extremo oposto do gráfico. Nos fundos de investimento, por seu lado, é o cliente de retalho que reina. Mais de 93% dos fundos portugueses estão nas mãos desta tipologia de cliente. 

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Por fim, vemos no gráfico abaixo a repartição dos AuM por domicílio do cliente. Enquanto o Reino Unido e Dinamarca são as únicas geografias onde os clientes estrangeiros pesam mais do que a média europeia, o mercado português volta a ocupar um extremo - o oposto - com mais de 99% dos ativos nas mãos de clientes domésticos

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