O bom desempenho da Europa face aos EUA reduziu consideravelmente a diferença histórica entre os mercados destas duas regiões e essa redução pode ir mais longe.
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Nos últimos anos, houve muitas vezes em que as gestoras mostraram uma predisposição para sobreponderar a Europa face aos EUA, mas não foram muitas as vezes em que acertaram nessa decisão. No entanto, 2021 está a ser bastante diferente dos anos anteriores. Por exemplo, nos últimos doze meses o Eurostoxx 50 consegue uma rentabilidade superior ao Dow Jones e muitos índices europeus conseguem retornos mais elevados do que o próprio Nasdaq.
Este bom desempenho da Europa face aos EUA reduziu consideravelmente a diferença histórica entre estas duas regiões. Mas devido ao bom desempenho das ações europeias em 2021, começa a haver investidores que se interrogam se a Europa continua a ter um caminho a percorrer ou se é altura de começar a recolher mais-valias.
A gestora J.P.Morgan AM defende a primeira opção e deu três razões para justificar a sua sobreponderação em ações europeias numa recente apresentação aos clientes.
A primeira destas razões é o panorama macro apresentado pelo Velho Continente. “Até ao segundo trimestre deste ano não vimos como é que as restrições seriam levantadas na Europa, mas assim que ocorreram houve uma forte recuperação e neste trimestre será marcado o pico de crescimento na Europa”, explica Elena Domecq, subdiretora de estratégia e responsável de investimento sustentável para Portugal e Espanha.
Embora não exclua que, a nível global, haverá um crescimento um pouco mais discreto do que o observado no ano passado em que o ponto de inflexão para a Europa, que apoia a sua visão positiva deste mercado, foi a criação do Fundo de Reestruturação. “Marca um antes e um depois desde que com este fundo as conversas foram postas em cima da mesa antes impensáveis e parece que a Europa rema na mesma direção", diz.
Intimamente ligada a esta recuperação económica está a segunda razão pela qual acreditam que a Europa ainda tem um caminho a percorrer: as avaliações. No gráfico abaixo podemos ver perfeitamente como as ações europeias não só pagam muito mais do que o fixed income, mas também em rentabilidade por dividendos ultrapassam mercados como os EUA e o Japão.
Avaliações
Ganhos
Isto num contexto de crescimento constante dos lucros das empresas europeias. “Esperamos um crescimento de 34% de 2020 para 2021 e de 18%, o que significaria que até ao final de 2022 o máximo de 2018 seria ultrapassado”, refere Elena Domecq.
O dinheiro está de volta
A terceira razão que suporta a sobreponderação de ações nas carteiras é explicada a partir dos fluxos. Após anos de fortes saídas em ações europeias (calculam resgates no valor de 250.000 milhões de dólares nos últimos três anos) e entradas nas obrigações, começam a ver-se fluxos positivos no mercado bolsista do Velho Continente, como se pode ver no gráfico seguinte.
Fluxos acumulados em fundos de ações europeias (em biliões de dólares)
Fluxos acumulados em obrigações globais (em biliões de dólares)
Tendo identificado o potencial que as ações europeias continuam a apresentar, a seguinte questão é clara: como pode o investidor tirar partido dela? Na gestora defendem três alternativas: empresas value, o investimento em empresas digitais e nas que beneficiam de umaEuropa cada vez mais verde.