Ações, madeiras, ouro, imobiliário: o presente e o futuro da GFM Gestão de Ativos

Grupo Ferreira Martins_ GFM
Cedida

Depois de em 2019 ter surpreendido o mercado com a criação da GFM Capital-SICAF Investimento Alternativo Flexível – o primeiro Organismo de Investimento Alternativo em Valores Mobiliários sob a forma societária – o Grupo Ferreira Martins volta a trazer novidades ao mercado.

Desta vez o grupo bracarense, cuja história remonta ao ano de 1974, aventura-se na criação de uma sociedade gestora: a GFM Gestão de Ativos – SGOIC, S.A. Em entrevista à FundsPeople, Ricardo Martins, CEO da entidade, contou qual o racional da criação da gestora de OIAVM e OII.

Numa primeira fase, começou por explicar, o objetivo é internalizar a gestão de todos os OIC que o grupo já detém. Os produtos mais antigos da entidade, criados em 2006, são dois fundos imobiliários fechados (GFM Rendimento e o GFM Património), até agora geridos por uma sociedade gestora externa ao grupo. Estes, explica Ricardo Martins, passarão a ser geridos internamente, a par do OIC mobiliário, a GFM Capital, que conta com a consultoria da Casa de Investimentos, e com um grande foco em ações americanas .  

Ao nível do imobiliário, adianta o CEO, as contas redondas apontam para cerca de 35 milhões que “estrearão” a atividade da GFM Gestão de Ativos. “No caso do GFM Rendimento estamos a falar de um fundo com um valor líquido de 30 milhões, e no caso do GFM Património são cerca de 5 milhões”, aponta.

A licença que a entidade obteve é para gestão de OIAVM, ou seja, de Organismos de Investimento Alternativo em Valores Mobiliários, a par dos Organismos de Investimento Imobiliário. Por isso, explica Ricardo Martins, “a intenção é também a de começar com a gestão da GFM Capital que, até ao momento, era autogerida, mas que está atualmente em processo de transformação, no sentido se tornar heterogerida”.

Hoje em dia este veículo conta com 5 milhões de euros de volume gerido, mas a intenção é aumentar o montante para os 20 milhões. “A GFM Capital tem atualmente pouco mais de 5 milhões de euros de ativos líquidos sob gestão, mas desde o início da sua constituição que temos a intenção de fazer um aumento de capital para cerca de 20 milhões de euros. Estamos em condições para que no decurso do primeiro trimestre ou no global do primeiro semestre isso possa acontecer”, adianta o CEO. Contas feitas, a GFM Gestão de Ativos deverá arrancar com cerca de 55 milhões de euros sob gestão.

Abertura a terceiros

Ciente de que a constituição desta entidade gestora requererá uma normal fase de “aprendizagem e consolidação”, Ricardo Martins coloca para já de parte a hipótese de gerir OIC para clientes externos. “Assumimos que temos de fazer um período de aprendizagem e de consolidação da nossa atividade”, pontualiza, não descartando essa hipótese no futuro.

Com algumas cautelas sob a forma como o quererão fazer futuramente, o profissional explica que, “numa segunda fase”, têm essa intenção de abrir o investimento dos OIC ao mercado. Embora ainda “não ponderado”, poderá acontecer de uma das seguintes formas: “ou através da abertura dos nossos veículos a terceiros, ou através da criação de outros veículos autónomos e independentes, em relação aos nossos, para investidores terceiros”, planeia. A primeira hipótese, confessa, é a que ao dia de hoje lhe parece mais favorável. “Preferiríamos abrir o capital dos nossos veículos a terceiros, pois é desta forma que vemos uma total coincidência entre os nossos interesses e os dos parceiros que se possam querer juntar a nós no futuro”, conta.

Das madeiras à joalharia

A génese do Grupo Ferreira Martins, que sempre esteve ligado ao setor das madeiras, acaba por ser o motor de novas ideias de investimento para o futuro. Ideias “antigas”, explica Ricardo Martins, que agora acredita ter “as ferramentas necessárias para as materializar”.

Na mente do responsável estão dois veículos para os quais não têm ainda licença, mas que futuramente poderão fazer parte da gama gerida pela entidade que agora constituem. “Um deles tem que ver com madeiras, e o outro com ouro físico e peças de joalharia. São dois ativos aos quais a família está já ligada há imenso tempo”, introduziu. No caso do veículo ligado às madeiras, perspetiva um produto com alguma ligação ao tema da sustentabilidade, enquanto que no produto ligado à joalharia, “a temática seria a detenção física do ouro”, que “é também um tema de investimento que a família vem seguindo quase desde os seus primórdios”. “Queríamos oferecer ao mercado algo que achamos que não existe, que é atrelar os investidores à valorização do ouro, mas no seu domínio físico”, complementa.

Em traços genéricos, o responsável consegue vislumbrar que o futuro da gestora passará sempre mais por um cariz imobiliário do que mobiliário. “A sociedade gestora será composta por uma equipa que transita de dentro do grupo e que sempre trabalhou na área imobiliária, sendo por isso capaz de assegurar todas as funções de uma equipa imobiliária verdadeiramente dita, que vai desde a prospeção do terreno até ao desenvolvimento do projeto, construção e angariação de clientes”, concluiu.