Pontos-chave sobre as aplicações – desde a deteção de riscos não intencionados até medir as emissões de carbono da carteira – de uma plataforma a que acedem diariamente 25 mil profissionais da BlackRock.
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O começo do ano parece ter trazido consigo o esforço renovado das gestoras de fundos para comunicar os seus pontos de vista sobre o investimento para este ano. No entanto, nos últimos tempos, ao discurso da BlackRock colou-se paulatinamente um protagonista que não está relacionado com o investimento per si, mas sim com a sua execução, e que cada vez está mais presente nos comentários dos gestores, especialistas de produto e outros profissionais nesta organização. Trata-se da Aladdin, a plataforma tecnológica a que a BlackRock dedicou numerosos recursos nos últimos anos.
Para que se faça uma ideia da sua potência, mais de mil profissionais dedicaram-se a alimentá-lo de dados – na sua grande maioria de acesso público – e atualizá-lo constantemente para oferecer um melhor serviço a trabalhadores e clientes da empresa. Assim, há mais de 600 profissionais cujo trabalho consiste na criação e controlo da qualidade dessas fontes de dados e análise para os clientes.
Trata-se de um sistema operativo ao qual tem acesso diário aproximadamente 25 mil profissionais de investimento da empresa em todo o mundo. Baseado em técnicas de big data, a intenção da Aladdin é “conectar informação, pessoas e tecnologia necessária para gerir dinheiro em tempo real”, segundo explicam a partir da gestora. Mediante a combinação de análises de risco e uma exposição compressiva da composição das distintas carteiras, a empresa procura assim obter vantagem competitiva para poder gerar mais alfa que outras gestoras.
Segundo Stephen Crocombe, responsável de negócio de estratégias multiativas da EMEA na BlackRock, “a Aladdin é o poder de agregar dados de uma forma que seja útil para quem toma decisões. Os dados que empregamos estão, na sua grande maioria, disponíveis publicamente/para outras pessoas. A forma como são apresentados os dados permite realmente entender os riscos que se correm e como reagir perante eles. Isto é o que nos permite ser dinâmicos e flexíveis”.
O especialista apresenta como exemplo a recompilação e interpretação de dados que ajudam a medir a inflação. “O problema de ser gestor de multiativos é que é necessário conhecer todos os ativos subjacentes, mas ao mesmo tempo é preciso realizar grandes avaliações sobre macroeconomia. E as divisas, a inflação e o crescimento são muito difíceis de prever. Portanto, qualquer fonte de informação que se tenha é muito valiosa”, assegura. Dada esta utilidade, o responsável prevê que “os pontos de vista proporcionados pelas técnicas big data deverão gerar peso nas nossas decisões de investimento de aqui para a frente”.
De facto, está já a ter grandes avanços; por exemplo, a equipa de investimento em ações globais com um enfoque científico no tratamento de dados que tem a empresa em São Francisco, já está a ser capaz de gerar até 40% de alfa, que engloba nas suas carteiras a partir de conclusões obtidas através de big data.
Como melhorar a gestão de risco
Para além de tornar a vida mais fácil aos gestores da BlackRock, a Aladdin nasceu com uma missão fundamental, a gestão dos riscos presentes na carteira. Assim, uma das funções fundamentais da Aladdin é que “permite aos nossos gestores ver quais são os riscos presentes na sua carteira de uma maneira mais detalhada e granular; permite criar testes de stress e outros tipos de analíticas de risco de maneira que entendemos que significa para os nossos competidores um desafio de implementação”. Segundos os dados fornecidos pela BlackRock, a Aladdin é capaz de monitorizar diariamente mais de dois mil fatores de risco e pode submeter a testes de stress – que têm em conta mais de mil cenários distintos – por volta de cinco mil carteiras, com 180 milhões de cálculos ajustados a opções a cada semana.
Sobre essas analíticas, Crocombe explica, por exemplo, que graças a esta ferramenta se pode supervisionar a exposição a riscos e a coerência desses riscos com as estratégias que regem cada carteira em tempo real. “Podemos usar a Aladdin para dizer aos gestores que podem estar a assumir riscos nos quais não tinham pensado”, indica o especialista.
Como prova desta atualização constante, os gestores da empresa também podem utilizar a Aladdin para visualizar melhor qual é a exposição da carteira aos distintos fatores de risco. Desde o ano passado, esta ferramenta também oferece a opção de analisar a intensidade das emissões de carbono das carteiras. John McKinley, membro da equipa ESG da BlackRock, explica que esta métrica está a ter cada vez mais importância, ao descobrir quais são as empresas que geram mais lucros com menos emissões de carbono e que contam com fundamentais mais sólidos, “já que são mais eficientes desde o ponto de vista operacional e apresentam melhores práticas de gestão, o que gera melhores resultados financeiros que os das empresas mais atrasadas ao nível da redução de emissões de carbono”.
Assim, introduzir a opção de medir a emissão de carbono também é interessante a partir do ponto de vista da gestão de mandatos e fundos de pensões: “Na área dos multiativos, gerimos muitos fundos para diferentes tipos de investidores e especialmente no norte da Europa, os investidores voltaram a ser muitos diretos nos seus requisitos, ao procurar produtos socialmente responsáveis”, conclui Crocombe.