Qualidade, de acordo com a Walter Scott. Primeira premissa: se um negócio está a crescer, está a fazer algo especial. Segunda premissa: se os earnings per share crescerem continuamente, o preço das ações seguirá o seu caminho, apenas com alguma volatilidade pelo meio. E terceira premissa, mas igualmente importante, tem que pagar o preço certo. A boutique de investimento, filial da BNY Mellon IM, define o seu estilo como conservador, sempre de mãos dadas com uma margem de segurança. Aplicado às ações, a sua área de especialização, isto significa um forte viés para negócios de qualidade.
E a qualidade para a Walter Scott equivale a uma capacidade comprovada de crescer, bem como o potencial de continuar a fazê-lo. O ponto de rebuçado, explica Alan Edington, gestor, é um crescimento de 10-20% por ano. As empresas que entram nas suas carteiras gozam frequentemente de balanços fortes. “Não gostamos que tenham dívidas. Porque os momentos em que veem a necessidade de refinanciar, geralmente coincidem com períodos difíceis como uma pandemia ou uma guerra na Europa”, explica.
Também analisam empresas do ponto de vista dos vetores de crescimento. Ou seja, têm em conta o nicho ou o setor em que operam e perguntam-se se veem a capacidade de aumentar o seu peso no PIB global. É compreender o negócio, mas também compreender o contexto em que se move. Por conseguinte, não investiriam numa empresa, por muito boa que fosse, num setor em declínio. “Se um setor ou indústria estiver em declínio estrutural, uma empresa terá de remar ainda mais. Porque vamos dificultar as coisas?”, argumenta o gestor.
Colocar a probabilidade do seu lado
Esta é precisamente uma das suas máximas: quanto menos decisões de investimento tiverem de ser tomadas, melhor. “Se um gestor acertar 60% das suas decisões de investimento, já está a fazer melhor do que a média do mercado. Mas se tiver que determinar quando estamos num ponto baixo do ciclo ou quando estamos no auge, coloca as probabilidades contra si. Preferimos uma visão a longo prazo”, defende Edington.
Daí também nascer o enviesamento do gestor para um estilo tradicionalmente categorizado como growth. Trata-se de um enviesamento natural resultante de evitar setores e indústrias mais dependentes do ciclo ou da política. Por exemplo, têm dificuldade em encontrar ideias no setor financeiro. Porque estruturalmente não existem os motores necessários para o crescimento de dois dígitos. Mas mesmo que o tivesse, a regulação acabaria por o travar. “Preferimos que as empresas tenham o controlo do seu próprio destino”, explica.
E a decisão de cada nova ideia que entra na carteira deve ser unânime entre os 20 profissionais de investimento que compõem as equipas de gestão. “É frustrante a nível pessoal”, brinca Edington, “mas poupa-nos de cometer erros”. Significa sacrificar oportunidades? Sim, mas é um risco que estão dispostos a correr. “Só precisamos de 40 a 60 boas ideias para o portefólio, por isso compensa”.
Ideias no BNY Mellon Long-Term Global Equity Fund
Esta filosofia é canalizada através de vários fundos de ações tanto com uma visão local como com uma visão global. É o caso do BNY Mellon Global Long-Term Equity Fund, um fundo com o Rating FundsPeople 2022.
Na opinião de Edington, o que vemos no mercado não é uma rotação do growth para o value, mas de empresas caras para empresas baratas. Na verdade, eles próprios têm em carteira valores que pelo seu setor seriam classificados como value.
Um exemplo disso é a Alimentation Couche-Tard. A empresa especializada em supermercados de proximidade e postos de gasolina é, tecnicamente, de retalho, mas tem provado cumprir os critérios de qualidade. Mesmo com a pandemia, conseguiu crescer. “Os supermercados de proximidade são uma tendência crescente no espaço do retalho. Além disso, têm o segmento dos postos de abastecimento, onde se preparam para o auge dos veículos elétricos”, explica o gestor.