O Low volatitlity European income fund propõe-se a fazer jus a dois adjetivos – estabilidade e visibilidade. Alexandro Pellegrini, gestor do fundo recentemente registado em Portugal, explica como.
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Numa altura em que o fixed income passou a ser uma designação que pouco jus faz à própria expressão, a Arcano propõe-se a recuperar, de novo, o termo retorno fixo, num fundo que se designa de Low volatitlity European Income Fund (ALoVEI). “Neste espectro muitos dos ativos tornaram-se um pouco mais voláteis porque perderam o seu cupão fixo”, lembra Alessandro Pellegrini, gestor do ALoVEI, da Arcano Partners, numa conversa recente com a Funds People Portugal.
O ano de 2018, lembra o gestor, foi precisamente um dos grandes testes para o produto, pois “a maioria do mercado de crédito perdeu o cupão”. Acabaram esse ano em terreno positivo, e em 2019, até ao final de setembro, a rentabilidade já se cifra nos 5.2% acumulados. Um número que no entender do especialista se situa positivamente, já que o cupão acumulado é ligeiramente acima dos 4.2%, e os 1% restantes resultam da apreciação do preço no longo prazo. “Tendemos a oferecer um retorno muito firme, que oferece alguma estabilidade e visibilidade, o que é raro nos mercados hoje em dia. Foi precisamente com essa intenção que decidimos lançar o fundo”, afirma.
O processo de investimento do produto nasce de uma ideia basilar: “investimos em empresas, não no mercado”. O italiano Alessandro Pellegrino fala de uma abordagem ao investimento bottom–up “muito forte”, que se estende também à própria gestão da equipa. “Não temos uma grande diferenciação entre os portfolio managers e os analistas, na gestão do fundo. Todos os membros têm uma forte cooperação entre si. Neste sentido, no nosso comité de investimentos não discutimos sobre que direção o mercado está a tomar, mas sim como é que as empresas se estão a sair e qual a sua capacidade de gerar cash flows”, elucida. A interação entre a equipa é uma das valências e, por isso, as decisões são tomadas por consenso. “Estamos todos no mesmo edifício, no mesmo piso, e a senioridade dentro da equipa é elevada. Passamos 100% do tempo a analisar empresas. Gostamos de ter uma abordagem direta às empresas em que investimos”, explica.
As caraterísticas que privilegiam no fundo são também as mesmas que apreciam nas empresas que entram em carteira: “Visibilidade e estabilidade”, diz perentoriamente o profissional italiano. É neste sentido que têm subponderado o investimento em sectores cíclicos no portefólio, pois consideram que “a remuneração de estar na parte cíclica do mercado não é suficiente, especialmente para um investidor mais conservador”. Na eleição das empresas a entrar em carteira são tidas em conta duas importantes caraterísticas: geração de cahs-flow e as margens. Relativamente ao primeiro ponto o especialista aprofunda. “As empresas que estão com problemas tendem a ter uma contabilidade agressiva, portanto muito do que geram não é cash. Para além disso, essas empresas gastam muito no seu capex porque precisam de recuperar do investimento que não fizeram no passado”, aponta. Relativamente às margens, a explicação também é simples. “Gostamos de investir em empresas que tenham um elevado valor acrescentado, porque isso significa uma de duas coisas: ou que o produto é muito bom, ou então que as barreiras à entrada são muito altas”, relembra.
Senior securities
Uma das convicções da gestão é refletida na alocação que confronta as senior securities contra as unsecured. “As primeiras são muito menos correlacionadas com as ações e com um perfil de proteção muito maior; neste momento temos 73% de alocação em senior securities, porque a remuneração da parte unsecured não é tão interessante como a outra”, conta.
Na gestão da duração (que no final de setembro era de um ano) o uso de derivados não é solução. “A este nível gostamos de estratégias puras, e fazemos sempre a gestão através de cash bonds, e a forma como chegamos a uma duração tão baixa é através de obrigações de curta duração e floating rate notes”, contextualiza.
E nada melhor para terminar do que um exemplo, ainda por cima próximo fisicamente, para perceber a filosofia de um título que entra em carteira. “A floating rate da empresa espanhola de estacionamentos Empark é um bom exemplo. Esta empresa não mostra uma significativa capacidade de crescimento, mas os resultados operacionais da empresa são sempre muito estáveis”, assinala.