Almudena Mendaza (Generali IP): “Fundos target date são uma importante ferramenta para evitar resgates e que o dinheiro volte a escoar para os depósitos bancários”

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Créditos: Marc A (Unsplash)

A última década foi de tudo menos de destaque para os fundos de target date, pois o ambiente de taxas de juro baixas não favoreceu a indústria e os investidores pareciam ter esquecido este tipo de produtos. Olhando para o mercado de rendimento fixo no seu geral, 2022 foi um ano muito desafiante e os investidores olham agora estes instrumentos com outros olhos. Tal como pudemos verificar num recente artigo que anunciava o regresso dos fundos de obrigações com data de vencimento, a constituição deste tipo de fundos quase duplicou de 2021 para 2022.

Perante esta tendência, a FundsPeople falou com Almudena Mendaza Sanz, diretora de vendas para a Península Ibérica, da gestora Generali Investments Partners.

A diretora começou por lembrar que o ano foi complicado para todos, destacando que “em alguns casos o investment grade sofreu mais do que o high yield”. Direcionando-se para os clientes com portefólios muito concentrados em rendimento fixo, como é o caso dos portugueses e espanhóis na sua generalidade, vê o início de “um novo paradigma com yields positivas e até atrativas, algo que não víamos desde 2011”. Mendaza recordou que, essa altura havia marcado a última onda de estratégias de target maturity com estratégias de buy and hold, que teve uma boa tração.

Um papel a desempenhar

“Ainda não vimos o fim da volatilidade em fixed income”, afirmou. Apesar de considerar as yields agradáveis na categoria de investment grade e high yield, tanto na Europa como nos EUA e até olhando para alguns mercados emergentes, a previsão da Generali Investments aponta para “volatilidade com possibilidade de mais um crash até ao final do ano”. No entanto, destacou ser precisamente nestas condições que veem o melhor momento para lançar este tipo de produtos. “Temos visto uma elevada oferta deste tipo de produtos em Portugal e Espanha, e são ideais para trazer os investidores mais conservadores de volta para fixed income. São uma importante ferramenta para que a banca privada e as redes de retalho evitem seguir o caminho dos resgates e que o dinheiro volte a escoar para os depósitos bancários, já que estes podem agora voltar a ser competitivos com a subida das taxas de juro”.

Na sua perspetiva, “todo o tipo de competidores vão lançar este tipo de produtos e os clientes vão poder encontrar uma prateleira variada destes fundos, com oferta diferente ao nível das maturidades, diferentes misturas de ativos, com dívida emergente, sem dívida emergente, high-yield puro, etc”. Relembrou ainda a importância de olhar para as taxas de default  quando se fala  deste tipo de fundos, pois  “estamos num contexto de default rates super baixas, mas conscientes de que vamos ver uma default rate mais elevada no futuro”.

No que toca ao tipo de gestão necessária, deixou um alerta: “Podemos cometer o erro de pensar que neste tipo de estratégias os gestores simplesmente constroem os portefólios e esquecem-se deles até à maturidade. Não acho que seja verdade. Os gestores têm de monitorizar o que se passa no portefólio, o que se passa com cada um dos emitentes, se a maturidade de um ativo anteceder a data de maturidade do fundo há que reinvestir os cupões. Apesar de não se tratarem, regra geral, de estratégias de gestão ativa, é muito importante ter gestores e equipas a olhar para os monitores”.

Terminou, reforçando a excelente oportunidade que os fundos de target maturity trazem neste novo paradigma. “Uma oferta de produtos por parte dos bancos e gestores de ativos que permitam aos seus clientes alguma recuperação após um ano de tanto sofrimento”, concluiu.