Alto rendimento europeu

Thomas Muzinich
Vitor Duarte

_I5A3441Num ponto do tempo em que finalmente se volta a vislumbrar um potencial subida de taxas por parte do Banco Central Europeu, marcando o fim absoluto de um período longo de política monetária acomodatícias por parte de Mario Draghi, Thomas Samson, head de High Yield Europeu na Muzinich & Co. trouxe consigo dois dos fundos de crédito europeu da casa de investimentos nova iorquina para, no contexto da segunda edição da Funds Talks, discutir com os investidores e clientes as valências de duas estratégias que poderão cumprir papéis distintos nos portefólios, o Muzinich EuropeYield Strategy e o Muzinich European Credit Alpha Strategy. Se por um lado o profissional fez questão de realçar o quão tumultuoso foi o ano de 2018 para os ativos de risco, como resultado do contexto geopolítico e macroeconómico, por outro, com os olhos postos em 2019, acredita que “existem diversos fatores que poderão revelar-se positivos para o crédito europeu. A procura do setor privado na Zona Euro é, aparentemente, muito sólida, com a evolução positiva do mercado laboral a consolidar o consumo das famílias, ao mesmo tempo que o investimento, tanto público como privado, se mantém resiliente. Acreditamos também que a política do BCE de reinvestir os ativos que maturam e os cupões, pelo menos até às taxas começarem a normalizar - que no melhor cenário será no final de 2019 - é um efeito positivo que os agentes de mercado estão a subestimar”, descreve o profissional. E neste contexto, Thomas Samson acredita, contudo, que o mercado de high yield está já a descontar o impacto do final do quantative easing nos spreads de crédito e que o processo de normalização das valuations está já muito avançada.

Já no que se refere aos principais focos de risco para a classe de ativos de high yield em 2019, o responsável pelo High Yield europeu na Muzinich dá destaque a alguns, principalmente concentrados na primeira metade do ano. “O Brexit deverá continuar a ser uma fonte de preocupação, devido às dificuldades que o governo do Reino Unido tem na obtenção de uma ratificação total por parte do parlamento relativamente ao acordo de saída da União Europeia antes da data agendada de 29 de março. Entretanto, a situação do orçamento italiano continua a pesar nos mercados, apesar de, na nossa opinião, o governo estar a trabalhar no sentido de chegar a um acordo com a União Europeia”.

Contudo, Thomas Samson acredita que o high yield europeu porporciona oportunidades de investimento muito interessantes. “No mercado secundário começamos a ver o impacto da reduzida liquidez que resulta em ineficiências, especificamente quando os preços das obrigações caem em situações que não acreditamos que sejam justificadas pelos fundamentais. Com as valuations a chegarem agora a níveis que consideramos atrativos, estamos lentamente a aumentar as compras de obrigações, especificamente de títulos que acreditamos que apresentam um potencial upside”, explica o gestor. O especialista não só vê os fatores técnicos a suportar a classe de ativos, nomeadamente a elevada percentagem de ativos de rendimento fixo com yield negativa e a dimensão da classe de ativos em contração, como também os fundamentais. “Acreditamos que os fundamentais se mantêm robustos. Temos observado uma melhoria progressiva da qualidade média durantes os últimos dez anos, tanto em mercado primário como secundário. Acreditamos também que esta melhor qualidade sustenta boas perspectivas no que se refere a incumprimentos potenciais”, acrescenta.

As estratégias 

É com este panorama positivo que o gestor sugere duas abordagens alternativas ao mercado que se baseiam numa filosfia de investimento comum: Muzinich EuropeYield Strategy e o Muzinich European Credit Alpha Strategy. “A nossa filofia de investimento está predicada no valor inerente a uma abordagem de research de crédito fundamental bottom-up. Esta abordagem rigorosa ao mercado tem-se provado uma ferramenta excepcional para providenciar, consistentemente, retornos atrativos numa classe de ativos líquida e num ambiente de risco controlado. Isto é particularmente verdade nas obrigações high yield, onde acreditamos que existe uma ineficiência natural na descida abaixo do nível de grau de investimento, providenciando a oportunidade para melhorar substancialmente a yield sem uma subia comensurada do risco”, explica. Dada esta natureza assimétrica do risco inerente a esta classe de ativos, o gestor acredita que a abordagem da entidade gestora é chave para proteger as carteiras do risco de default, capitalizando nos desvios de mercado no curto prazo e identificando as histórias de crédito mais apelativas. Ambas as estratégias propostas proporcionam uma abordagem diversificada geograficamente ao mercado europeu de high yield, incluindo investimentos em mercados da europa de leste e América do Norte. “As nossas equipas de investimento empenham-se na construção de portefólios que são menos direcionais e mais resilientes do que o mercado em geral. Seguem também com cautela o ciclo de mercado, à procura de indicações de quando e porquê o mercado poderá estar a tender mais para um cenário de contração ou expansão de spreads, o que ajuda a decidir quando é viável aceitar mais risco, ou quando se requer mais estabilidade nas posições individuais do portefólio”.

Processo

Todas as estratégias da casa de investimentosw nova iorquina se pautam pela abordagem bottom-up, fundamental e suportada no research da seleção de títulos, que “tem sido aplicada de forma muito bem sucedida em mais de 25 anos”, comenta Thomas Samson. Na estratégia European Credit Alpha a abordagem é distinta conforme o ‘cabaz de risco’ dentro do fundo. “O cabaz longo core é construído com a seleção de ativos que apresentam um atrativo carry e potencial retorno total. Estas ideias de investimento representam as melhores ideias da equipa e, como tal, a parte longa do fundo tende a ser muito concentrada. Já o cabaz de arbitragem foca na geração de retornos descorrelacionados através de uma variedade de oportunidades numa base de valor relativo, através de ‘pair trades’, procurando em particular gerar um incremento de retorno necessário para financiar o custo da gestão do ‘portfolio overlay’. Este tem como objetivo reduzir o drawdown da estratégia em mercados negativos, providenciando proteção contra quedas, através de estratégias de cobertura de tail risks e gerindo a duration, numa perspetiva global”, descreve.

Já na estratégia EuropeYield, o especialista destaca a abordagem suportada no research interno providenciado por uma equipa experiente, composta por especialistas nas suas respetivas indústrias. “Os analistas identificam obrigações corporativas de taxa fixa e indexada líquidas e com yields elevadas que apresentam um risco de crédito nulo ou mínimo, e que cotam a níveis subvalorizados, no que se refere à robustez das operações e do balanço do emitente”.