Investir tendo em mente o objetivo da poupança e da reforma, ganhou atualmente contornos mais difíceis. Que o diga Christian Lemaire (na foto), global head of retirement solutions da Amundi, um grande adepto das denominadas ‘life cyclical solutions’.
No âmbito da última Alfi European Asset Management Conference, no Luxemburgo, deu-se relevância ao tão aclamado tema da gestão ativa vs passiva, mas em cima da mesa esteve ainda o debate sobre os esquemas de pensões na Europa. Em entrevista à Funds People Portugal, Christian Lemaire foi expedito ao identificar as pedras no sapato subjacentes à poupança atualmente: “Quando lidamos com a reforma, infelizmente temos um horizonte de investimento longo pela frente. Os reguladores pedem à indústria que sejam disponibilizadas opções de proteção total, o que se traduz na venda de fundos de capital garantido. No entanto, devido ao contexto de baixas taxas de juro, os fundos de capital garantido providenciam yields muito baixas e em queda. O que recomendamos, por isso, é uso de life cyclical solutions”, introduziu.
A equação subjacente a estas life cyclical solutions é simples de entender. Com alocações dinâmicas ao longo do tempo, e dependendo sempre da idade e altura de reforma do visado, a apetência por risco é inversamente proporcional à idade. “No início o investidor começa por aceitar mais risco para conseguir retornos mais elevados. Investe em ações ou até mesmo private equity. Progressivamente será alocado mais dinheiro a obrigações, e passado algum tempo a fundos de mercado monetário”, explica o profissional. Cada vez mais próximo de explicar o expertise da entidade francesa na área, Christian Lemaire é daqueles que acredita no investimento em opções intermédias entre as ações e as obrigações num plano de poupanças, desde que o horizonte de investimento assim o permita. Diz até que um determinado investidor “pode mesmo aceitar ter uma certa iliquidez”, que eventualmente lhe oferecerá “um determinado prémio”. Na sua ótica, num plano de pensões há espaço para “pequenas fatias de real estate, infraestruturas, private equity e loans - uma nova classe de ativos que, por exemplo a Amundi pode fornecer”.
Ciente da importância da inovação atualmente, o global head of retirement solutions sabe também que hoje e mais do que nunca a indústria tem “a cabeça a prémio” por causa dos custos. Explica que por isso “providenciam life cycle solutions, mas também soluções alternativas de investimento”. Acredita que “há que propor a possibilidade de decrescer o custo global que se paga quando o investidor está num esquema de pensões defensivo”. Lembra que normalmente “os clientes estão a ser servidos por providers locais, e o investidor não sabe exatamente pelo que está a pagar, já que existem ‘layers’ de fornecedores. No final de contas paga-se muito mais do que se deveria”.
A proposta da Amundi nesta área bebe precisamente desse caráter inovador e pioneiro, mas também da tentativa de travar a cadeia de custos imputados. “Implementámos um veículo no Luxemburgo – que tem por base um fundo de pensões pan-europeu – onde as empresas podem colocar os seus diferentes sistemas de pensões e beneficiar de economias de escala, o que se traduz em custos administrativos muito mais baixos”, indica, referindo-se assim ao Amundi Retirement Solution, já disponível para sete países, mas atualmente em fase de implementação em mais dois.
Gerir custos e poupar tempo
E que benefícios apresenta este veículo? Chistian Lemaire resume-os a três palavras: transparência, rapidez e facilidade. Conta que muito do trabalho que executam passa por apoiar empresas de uma determinada nacionalidade que têm subsidiárias noutros países. “Ajudamos essas empresas a colocar o seu esquema de pensões dentro do nosso veículo no Luxemburgo. Isso permite uma grande monitorização dos planos de pensões de vários países, ao mesmo tempo que se corta no custo total de gestão dos esquemas de pensões”, afirma. Trabalhando com recurso à arquitetura aberta – o que lhes dá acesso a 38 mil fundos de investimento – a Amundi pode ainda, através desta solução, “providenciar aconselhamento financeiro” às empresas que lá colocam os seus sistemas, ou deixá-las executar a sua própria seleção, muitas vezes com “a ajuda de outro assessor financeiro”.
Christian Lemaire está convicto de que “ao gerirem complexidade, oferecem simplicidade ao cliente”. São capazes, diz, de lidar com “todas as exigências dos reguladores locais, de forma a assegurar que por exemplo os esquemas de pensões portugueses no veículo estão completamente alinhados com a legislação e fiscalidade portuguesas”.
Por vezes cautelosas e desconfiadas na transferência do seu plano de pensões local para o veículo no Luxemburgo, as empresas têm da parte da Amundi um total compromisso. O especialista indica que estabelecem “verdadeiras parcerias com os clientes”, existindo equipas de trabalho em contacto permanente com as companhias. Na base de gestão de todos os esquemas de pensões diz estar “uma plataforma digital”, acessível através de “tablet, telemóvel ou computador”, tecnologia que permite também a existência de custos marginais.
Finaliza: “Hoje em dia temos milhares de empresas globais, bem como as poupanças dos seus trabalhadores, a trabalhar em parceria com a Amundi, no que toca aos seus planos de pensões. Nos fundos de pensões pan-europeus, estamos a falar de grandes empresas com subsidiárias em todo o mundo. Somos os primeiros e únicos a providenciar esta solução para sete países”.