Amundi Iberia divide o ano em duas partes: primeira metade em obrigações e segunda metade em bolsa

Victor de la Morena.
Victor de la Morena. Créditos: Cedida (Amundi)

Após um ano negativo para praticamente todos os ativos de investimento e especialmente para as obrigações, é altura de o pôr em perspetiva, com os olhos postos em 2023. Víctor de la Morena, diretor de Investimentos da Amundi Iberia, apresentou os principais pontos de investimento para o próximo ano.

O cenário central para a Amundi Iberia é um período de estagflação com divergências crescentes e persistentes. O ano de 2023 vai ser um ano de retrocesso no que diz respeito ao crescimento económico. Um ano onde não haverá recessão nos EUA, mas sim na zona euro, embora breve e pouco intensa. Tudo como consequência da subida das taxas de juro e de uma paragem do crescimento.

“Para nós é mais importante determinar onde os preços param de acelerar e não tanto quando começam a cair. Isto já ocorreu tanto nos EUA como na Europa. É quando os mercados começam a atingir o pico nas suas estimativas de taxas. É muito relevante ver como nos EUA já se começa a descontar descidas das taxas de juro no final do próximo ano”, explicou.

As suas estimativas de taxas de juro situam-se em torno dos 5,25% na Fed e em torno dos 2,5% na Europa no final de 2023. Para a entidade, a mudança da Fed será o principal condutor do mercado no próximo ano e irá depender da trajetória da inflação. Irão vigiar três questões: a mudança da política monetária da Fed, a crise energética na Europa e o ritmo de crescimento na China.

Em termos de crescimento, a entidade espera uma pequena recessão na Alemanha e Itália e um ligeiro crescimento em Espanha. “Em Espanha, a recessão será mais suportável”, avançou o especialista.

Políticas de investimento

O repricing que ocorreu em 2022 fez com que as valorizações caíssem em relação aos máximos do ano passado em várias classes de ativos. Isto abre oportunidades para os investidores recuperarem perdas e procurarem pontos de entrada para conseguirem recuperar em 2023.

Assim, o mapa de investimentos da Amundi Iberia irá evoluir da seguinte forma: na primeira parte do ano serão geralmente cautelosos e, por tipos de ativo, irão entrar em dívida governamental, crédito IG, sendo cautelosos em crédito HY e seletivos em obrigações emergentes; por outro lado, quando a economia atingir o fundo, na segunda metade do ano irão começar a investir em crédito de elevada qualidade e ações globais, procurando zonas especialmente baratas ou determinados setores.

Mesmo assim, “o mais complicado será determinar como vão evoluir as variáveis e onde ocorrem estes pontos de entrada”, reconhece o especialista. Quando esse momento chegar, estarão inclinados para setores mais cíclicos, deep value, elevada volatilidade e small caps.