Análise da oferta de fundos do artigo 8 e 9: aqui também há greenwashing

ESG renovavel verde sustentavel vento

A empresa de consultoria MainStreet Partners elaborou um relatório onde avalia o estado da integração dos critérios ambientais, sociais e de governance no setor da gestão de fundos. A análise tem em conta 4.200 fundos, geridos ativa e passivamente. O estudo abrange mais de 160 gestoras de ativos que juntas têm 5,6 biliões de euros em ativos sob gestão.

A metodologia da MainStreet Partners considera uma avaliação abrangente focada em três pilares: a gestora de ativos (pilar 1), a estratégia do fundo (pilar 2) e os valores individuais na carteira (pilar 3). No relatório inaugural ESG Barometer, a empresa detalha os progressos realizados desde a entrada em vigor do Regulamento de Divulgação de Finanças Sustentáveis (SFDR) da Europa há quase um ano. O estudo, concebido com o objetivo de filtrar os dados e informações contraditórias atualmente acessíveis aos investidores, fornece algumas conclusões interessantes.

Primeiro, é conveniente colocar em contexto qual é o universo. Mais de dois terços dos fundos (70%) são classificados como artigo 6.º. Os produtos do artigo 8º representam 25% do universo e os restantes 5% são representados pelos produtos do artigo 9º. A expetativa é que a maior parte das novas estratégias sejam classificadas como artigo 8º nos próximos trimestres, dado o elevado grau de diversidade nessa categoria específica.

Um em cada cinco fundos do artigo 8.º faz greenwashing

Cerca de 21% dos fundos do artigo 8º têm uma classificação ESG igual ou inferior a 3 pela MainStreet Partners (de um máximo de 5). Onde é que falham? “Principalmente no pilar 2 (estratégia) e no pilar 3 (portefólio). Estes fundos podem ser classificados como greenwashing”.

Ao avaliar as diferentes dimensões das gestoras de ativos através da abordagem integrada dos três pilares da empresa de consultoria, as gestoras de ativos médias e grandes superaram as boutiques no pilar 1 (com uma pontuação de 3,71). No entanto, as boutiques assumiram a liderança sobre o pilar 2 (pontuação de 2,37 de estratégia) e o pilar 3 (pontuação de 2,68 da carteira).

Os fundos mistos têm pontuações ESG mais baixas

Os fundos multiativos tendem a concentrar um menor grau de integração ESG nos seus objetivos de investimento. Além disso, tendem a estar menos alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em comparação com outras categorias. Em geral, os mistos obtêm uma pontuação mais baixa do que as suas contrapartes de obrigações e ações para as estratégias dos artigos 6.º e 8.º. E cerca de 12% abaixo das outras classes de ativos quando se trata de fundos do artigo 9º.

Do ponto de vista temático, a maior parte dos fundos continuam centrados nas questões ambientais. As questões sociais representam apenas 7%. Uma vez que a maioria dos fundos temáticos são classificados como artigo 9º, tem havido fortes fluxos para este tipo de produtos. Com as tendências regulamentares firmemente focadas em alcançar vários objetivos net zero, os fundos ambientais do artigo 9º têm uma média de 1.300 milhões de dólares em ativos sob gestão. Isto contrasta com os produtos sociais incluídos no mesmo artigo, que têm uma média de 384 milhões.