Os fundos mistos conservadores perderam grande parte do interesse que tinham suscitado entre os investidores. Há uma confluência de fatores que estão a ajudar a empurrar estes produtos para fora das carteiras. A primeira é a forte rotação de investimento em ações, uma classe de ativos que está a concentrar o interesse.
Segundo Detlef Glow, diretor de Análise da Refinitiv para EMEA, embora a pandemia ainda não tenha acabado, as economias estão a voltar à normalidade, como é demonstrado pelos maiores lucros empresariais. Neste clima, os investidores estão interessados em tirar proveito da recuperação da atividade. O seu apetite pelo risco está a aumentar.
Nesta situação, muitos estão a optar por estratégias barbell. Por um lado, as ações. Por outro lado, a liquidez. E, no meio, nada de obrigações de longas maturidades, o que torna mais complicado o encaixe do fundo misto conservador nas carteiras.
Porque, aos investidores, o que preocupa é o rendimento fixo, dado o atual perfil assimétrico da classe de ativos. E também a inflação. O seu aumento pode obrigar os bancos centrais a apertarem as suas políticas monetárias e a reduzirem os seus programas de QE.
Isto, por sua vez, levaria a subidas das taxas de juro. "Dado que a maioria dos fundos mistos conservadores têm uma grande parte das suas carteiras investidas em obrigações, o aumento das taxas levaria a perdas que poderiam não ser compensadas pelos ativos de risco. É, portanto, compreensível que, no ambiente atual, os investidores não os queiram nas suas carteiras", afirma Glow.
Abordagem ESG
Dentro dos fundos mistos conservadores, a etiqueta ESG está também a tornar-se num importante fator de diferenciação. O facto de seguir uma filosofia com critérios ambientais, sociais e de boa governação é algo que se enquadra bem nas necessidades atuais dos investidores, que, por esta altura, maioritariamente procuram construir carteiras mais sustentáveis.
É uma característica que está a ajudar os investidores a discriminar entre uns e outros fundos, numa categoria, além disso, onde há menos oferta ESG. Este é um fator que explica, em parte, porque é que a maioria dos fluxos para fundos mistos defensivos estão a dirigir-se para estratégias ESG. Neste ambiente difícil para fundos conservadores multiativos, há produtos que, graças aos seus bons resultados e ao facto de terem sido capazes de se adaptar às novas exigências dos clientes, conseguiram ganhar a confiança dos investidores e receberam grandes entradas líquidas de dinheiro nos últimos anos.
Dentro desta categoria, não há dois fundos iguais. Cada um segue a sua própria filosofia e tem os seus próprios objetivos. Com estas nuances, é possível que, no final, o investidor seja capaz de encontrar um lugar para ele na carteira. Aqui trazemos seis fundos com Selo FundsPeople na categoria EUR Cautious Allocation que registaram as maiores entradas a um e três anos no final do primeiro semestre do ano.
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