André Themudo, responsável de negócio da BlackRock em Portugal, esteve à conversa com jornalistas e revelou o que a gestora espera do próximo semestre e como irá proceder face aos desafios que os mercados enfrentam.
Em Lisboa, à conversa com jornalistas, André Themudo, responsável de negócio da BlackRock em Portugal e responsável do canal de Wealth para a Península Ibérica, revelou as perspetivas para o segundo semestre de 2019 daquela que é a maior gestora de ativos do mundo e que já soma mais de 6.8 triliões de dólares em ativos sob gestão.
“A principal mudança nas nossas perspetivas de mercado é o facto de agora considerarmos duas coisas importantes que vão afetar o mercado: as tensões políticas entre os Estados Unidos e China e os fatores geopolíticos.” André Themudo menciona que estes serão os principais catalisadores para o crescimento económico e para o comportamento dos mercados nos próximos trimestres. Estes fatores levam a gestora a reduzir as expectativas de crescimento para a economia global e a recomendar aos clientes que optem por um posicionamento ligeiramente mais defensivo nas suas carteiras, algo que mudou face ao que previam no início do ano.
O responsável de negócio da BlackRock para Portugal, mencionou que esperam uma mudança significativa nas políticas monetárias dos principais bancos centrais. “A Reserva Federal, o Banco Central Europeu e até o Banco do Japão estão a tentar amortecer este abrandamento do crescimento, ou seja, estão a tentar ganhar tempo e a prolongar este ciclo económico”, refere André Themudo. Apesar de há seis meses num estudo realizado pela entidade terem atribuído uma probabilidade de recessão de 20% para o fim deste ano e de 40% para o fim de 2020, não esperam uma recessão nos próximos 18 meses. “Entrámos oficialmente numa fase de late cycle e achamos que os bancos centrais estão a fazer tudo para prolongar este que já um dos maiores ciclos da história”, admite André Themudo.
Relativamente ao Banco Centro Europeu, André Themudo explica que esperam, ainda este ano, uma ação mas não sabem se será em forma de descida as taxas de juro ou em forma quantitive easing em obrigações e ações. “O mercado não tem em conta o potencial que o banco tem nestas medidas. O Banco Central Europeu pode surpreender pela positiva com mais medidas do que o mercado prevê”. Quanto à Reserva Federal, o profissional revela que preveem uma descida das taxas de juro nos Estados Unidos em setembro na ordem dos 25 pontos base. “Achamos que o tom dos bancos centrais e da Reserva Federal em particular mudou radicalmente para um tom muito mais dovish”, conta.
Classes de ativos
Quanto às classes de ativos, é de destacar a preferência pelas dívidas soberanas dos países europeus. “A nossa equipa de fixed income europeu, que só se dedica a comprar dívida de países da Europa, prefere fazer aquilo que chamamos de Barbell approach que é a premissa neste momento e que se trata de uma estratégia de extremos para investir: de um lado ativos de risco e ativos muitos seguros do outro de maneira a compensar tudo o que está no meio”, confessa o especialista. Neste sentido, segundo André Themudo, é também aplicável às carteiras de fixed income europeias uma parte importante de bunds mas com apostas muito táticas em países pontuais. “Temos sempre uma aposta em países periféricos como Espanha contra Itália, temos presença em obrigações portuguesas e noutros países como Holanda e Bélgica”, finaliza o especialista.