O gestor salienta que procedeu a ajustes em setores específicos da sua carteira, como a defesa, as infraestruturas e a mobilidade. Estas são áreas que considera serem beneficiárias da injeção fiscal.
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Numa perspetiva macroeconómica, Anis Lahlou, diretor de Investimentos da Aperture Investors (parte da Generali Investments), explica por que razão a Europa está novamente a atrair a atenção dos investidores. De acordo com o especialista, o atual contexto, bem como uma clara fase de recuperação europeia, jogam a favor desta situação. A Europa tem uma inflação mais baixa do que os Estados Unidos, o que permitirá uma possível flexibilização monetária no continente. No entanto, reconhece que subsistem riscos significativos, nomeadamente o protecionismo dos EUA.
Um recente fator determinante foi o anúncio da Alemanha de um pacote fiscal de um bilião de euros ao longo de dez anos, destinado a infraestruturas, mobilidade e defesa. “Trata-se de uma verdadeira bazuca para a Europa”, afirma. Esta medida poderia ter um efeito multiplicador noutros países europeus, como a Espanha, os Países Baixos e a Suécia. Estes países têm níveis de endividamento razoáveis e podem seguir o exemplo da Alemanha.
Neste sentido, o gestor do fundo Aperture Investors Sicav - European Innovation Fund, com Rating FundsPeople, diz ter feito ajustes estratégicos na sua carteira. Aumentou as posições em setores específicos como a defesa, as infraestruturas e a mobilidade. Estas são áreas que vê como claras beneficiárias da injeção fiscal. Empresas como a Infineon, líder em semicondutores de potência para a indústria automóvel, centros de dados e indústria em geral, ou a Leonardo, especializada em defesa, eletrónica e segurança, ilustram o tipo de investimento que a Aperture privilegia.
Anis Lahlou explica que estes movimentos setoriais surgem numa altura em que muitos investidores regressam à Europa depois de a terem ignorado durante anos. Este regresso dos fluxos aos ativos europeus reflete-se claramente nos dados recentes publicados pelo BofA, com entradas líquidas, embora ainda modestas. De acordo com Anis Lahlou, isto é apenas o começo: "As valorizações são muito baixas e existe um claro potencial de subida. O índice MDAX de média capitalização, por exemplo, ficou até 80% aquém do índice DAX de grande capitalização desde 2020".
Um modelo único baseado em resultados
A primeira coisa que Anis Lahlou destaca é o modelo de comissões utilizado pela Aperture, único na Europa. O fundo cobra apenas 30 pontos base, o equivalente a um ETF. Estes são complementados por uma comissão de sucesso de 30% sobre o desempenho gerado em relação ao índice MSCI Europe. Este sistema alinha os interesses do gestor com os do investidor, uma vez que a Aperture só ganha se o fundo tiver um bom desempenho. Também incorpora uma cláusula de clawback. Parte da comissão é retida e só é libertada se o desempenho gerado for mantido durante três anos ou acima do seu valor de referência.
Este esquema garante que os gestores estão constantemente motivados para gerar alfa e não se contentam com o mero aumento do volume de ativos sob gestão. Nas palavras de Anis Lahlou, "se não apresentarmos resultados, não cobramos. O nosso modelo mantém-nos honestos e empenhados".
Processo baseado nas finanças comportamentais e na inovação
Embora o fundo tenha a palavra inovação no seu nome, Anis Lahlou esclarece: "Não somos um fundo temático, mas um fundo seleção ativa de ações europeias". O processo de investimento baseia-se na geração contínua de ideias, na análise exaustiva e na construção rigorosa de carteiras. As carteiras são altamente concentradas, situando-se normalmente entre 30 e 50 ações, e um active share de entre 80% e 90%.
Esta abordagem contrasta com o modelo dos fundos temáticos, que depende do ciclo de popularidade de um setor específico. O gestor da Aperture salienta que o seu fundo “só investe em empresas quando há provas tangíveis de que é provável que superem os resultados do mercado”. Esta diferença é fundamental para compreender como é que a Aperture mantém a sua competitividade em mercados em mudança.
Flexibilidade estratégica e gestão de riscos
A flexibilidade estratégica é outro pilar fundamental do fundo Aperture Europe Innovation. Nas palavras do próprio gestor, “somos absolutamente pragmáticos”. Isto permite que a equipa se adapte rapidamente às mudanças do mercado, sem vieses pré-determinados para estilos específicos, como o value ou o growth. A flexibilidade é crucial em contextos complexos, como o atual, em que persistem as incertezas decorrentes do ambiente geopolítico. Em particular, os riscos associados a potenciais conflitos comerciais.
Além disso, salienta que, embora a incerteza em relação às tarifas e a volatilidade do mercado sejam reais, também representam oportunidades. Isto reflete-se na forma como o fundo gere o seu elevado active share. Este situa-se no topo do intervalo habitual para os fundos da sua categoria.
Receção positiva do mercado e perspetivas futuras
O Aperture Europe Innovation registou um crescimento significativo desde o seu lançamento. Começou com 265 milhões de euros e tem agora quase 700 milhões de euros em ativos sob gestão. As recentes entradas de capital provêm de family offices e investidores institucionais, atraídos pelos resultados do fundo.
Quanto ao apetite dos investidores, Anis Lahlou observa que estes estão a olhar novamente para a Europa. São atraídos por valorizações atrativas e catalisadores específicos, como o já referido estímulo fiscal alemão. Por último, o CIO da Aperture salienta a importância da abordagem comportamental no investimento, observando que os vieses cognitivos persistem apesar da tecnologia. Considera que a Europa é um terreno fértil para gerar alfa, através da identificação e seleção ativa de empresas inovadoras.
Em suma, Anis Lahlou argumenta que a combinação do estímulo fiscal europeu, as valorizações atrativas e a abordagem pragmática e flexível da Aperture criam uma excelente oportunidade para gerar retornos superiores nos próximos anos.