Jeffrey Taylor, responsável de ações europeias da Invesco, considera que o consenso do mercado está a ser excessivamente pessimista com os títulos europeus.
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Jeffrey Taylor, responsável de ações europeias da Invesco, declara-se “um otimista que passou de moda”, no que toca à sua classe de ativos. Num recente encontro com jornalistas em Henley, sede geral da entidade na Europa, Taylor colocou em contexto os fundamentais que encontra nas ações europeias, tendo falado de alguns aspectos que devem ter em conta muitos investidores que queiram investir neste universo. A equipa de ações europeias da Invesco tem outros fundos com especial importância no mercado ibérico, e em concreto em Portugal. O Invesco Pan European Equity apresenta o selo de BlockBuster ibérico da Funds People, enquanto o Invesco Pan European Equity Income e o Invesco Pan European Structured Equity apresentam ambos o selo de Consistentes Funds People em Portugal.
Um pessimismo justificado
O especialista começa a sua análise abordando a percepção pessimista que muitos participantes do mercado estão a voltar a ter sobre a zona euro: “Segundo o consenso, a Europa é um caso perdido, sempre a decepcionar”. No entanto, refere, em contraposição, que o PIB da zona euro continua em terreno positivo, que o BCE ampliou o seu programa de estímulos quantitativos, que estão a melhorar – embora lentamente – a concessão de crédito, o investimento e o consumo, e que o impacto das reformas aplicadas por países europeus ainda perdura. Por todos estes factores, Taylor é da opinião que “a Europa pode surpreender positivamente as expectativas do mercado”, e estima que crescerá entre cerca de 1,5% e aproximadamente 2% este ano. Em contraposição, considera que “o mercado não está a considerar no preço este potencial de crescimento multianual”.
Desta forma, Taylor afirma sobre o crescimento dos lucros empresariais, que têm resistido nos últimos anos, que é “um problema menor do que aquele que as pessoas esperam”. Fixa-se no facto dos analistas terem apoiado esse pessimismo, pois reviram negativamente as suas expectativas sobre os lucros corporativos no início do ano, baseando-se em parte na publicação de dados negativos do PMI. “Não é irrealista esperar que o grau de dívida operacional aumente, porque as margens das empresas europeias estão comprimidas. No entanto, esperamos algum crescimento nos lucros por ação (EPS) para este ano”, clarifica.
“O dinheiro está muito barato e há muita liquidez disponível; isso permitirá às empresas comportar-se de forma mais racional”, prossegue o responsável. Por outro lado, encontra um forte irracional na forte dispersão entre valores que se podem observar atualmente nas ações europeias: “Os mercados não estão caros no seu conjunto, mas existe sim muita dispersão entre valores. Na verdade, a dispersão entre sectores europeus bateu o seu record máximo. Acreditamos que se deve ao facto de muitos investidores terem decidido apostar pelo seguro, numa reação demasiado violenta ou exagerada aos problemas atuais da economia europeia”.
Dito de outra forma, segundo Taylor “o gap entre o caro e o barato nunca tinha sido tão elevado, e isso significa que os investidores se estão a concentrar nos títulos mais caros”. O especialista alerta que, quando a dispersão é tão elevada, implica “um ajuste massivo entre os componentes do mercado e o comportamento do mesmo o que acaba por fazer com que os títulos de qualidade comecem a apresentar um comportamento pior do que a média do mercado”, provocando uma mudança radical na liderança do mercado. Por tudo isto, o especialista considera que “se tem que estreitar um pouco esta dispersão”.
O caso da Banca
Jeffrey Taylor encarrega-se pessoalmente da gestão do fundo Invesco Euro Equity Fund. Com base na visão macro e nas crenças da equipa de ações europeias, o especialista posicionou o fundo para tirar partido de três sectores que a priori são contrarian, mas que considera que negoceiam com um desconto suficiente e que contam com um potencial de recuperação: telecomunicações, energia e bancos. É neste último sector que o responsável apresenta uma convicção mais forte: “Há muito valor no sector financeiro. Os bancos estão a negociar com uma valorização muito baixa: o PER e o preço sobre o valor contabilístico do sector são inferiores aos apresentados durante a crise da dívida soberana de 2011, e nós não estamos de acordo com essas valorizações. Acreditamos que o mercado está considerar no preço algo muito negativo, e perguntamo-nos se isso será justo”, resume Taylor. Este alega a favor do sector que “os balanços são mais estáveis e fortes, e menos dependentes do ciclo” e, para além disso, observa que estão “no início de um ciclo de crescimento da concessão de crédito”.
Sobre o impacto da regulação sobre o modelo do negócio bancário, o especialista refere que “a regulação está a ser demasiado hostil com os bancos, que são agentes económicos necessários. A regulação coloca pressão sobre as margens, mas os bancos têm atualmente mais fontes de lucro, através dos seus negócios de seguros e gestão de ativos”. Por isso, conclui, para reforçar a sua tese, que “a banca tem fontes de receitas resistentes, com fontes diversificadas de lucro, e o mercado está a ignorar isso”.