Segundo o CEO, nesta fase a entidade encontra-se a refazer a equipa comercial para focar os esforços no desenvolvimento de negócio em Portugal.
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Em outubro de 2020, no pico da pandemia, Armando Nunes, CEO da Biz Capital, contava à FundsPeople o racional da criação da entidade e os planos para “concentrar a oferta de soluções de investimento para os seus clientes numa só sociedade gestora de fundos”. Isto a par com todo o serviço e expertise que carateriza a entidade na gestão de fundos de capital de risco. Para esse efeito foram lançados três fundos de investimento, um de ações europeias, um de obrigações europeias, e um PPR europeu cujo propósito seria agregar os ativos de gestão de patrimónios dos seus clientes.
Contudo, numa conversa mais recente, o CEO da entidade contou à FundsPeople que “a transição que demorou, na prática, cinco anos e deveria ter demorado um ano”, bem como o caminho de adaptação da entidade gestora à realidade de gestão de fundos mobiliários, não foi fácil e teve custos relevantes. “Perderam-se muitos ativos sob gestão no processo, mas agora temos as contas equilibradas e em 2023 já teremos resultados positivos e podemos focar em crescer, começando pelo reforço da equipa comercial”, conta. Segundo explica, encontram-se a “refazer a equipa”, tendo começado por contratar um private banker, sendo o objetivo contratar ainda mais. “Queremos ter uma pequena equipa comercial para trabalhar o mercado”, salienta.
A longo prazo, além dos esforços de distribuição “face a face” do “tipo gestão de patrimónios”, o objetivo passa por construir track record e subir nas métricas que alimentam plataformas internacionais, como a Morningstar. “Quanto se atinge determinados níveis de classificação destas entidades, o telefone toca porque há instituições interessadas em incluir os nossos fundos nas suas carteiras”, explica. Chegar a esse nível, diz Armando Nunes, depende da sua “capacidade para mostrar serviço” nos seus segmentos de especialidade, as obrigações e ações europeias, com recurso a modelos matemáticos, como contava o profissional na entrevista de 2020. Por outro lado, estão a estudar parcerias com entidades intermediárias de serviços financeiros e ponderam trabalhar com plataformas de fundos de investimento, mas apenas depois de se consolidar o historial.
Licenças
Já no que se refere a algumas licenças, para além da de gestão de fundos, o peso regulatório tem impactado a decisão de não dar já alguns outros passos. “A razão para não termos licença de gestão de patrimónios ou consultoria para investimento é simples. Se uma SGOIC apenas trabalhar fundos mobiliários e de capital de risco, a supervisão concentra-se no âmbito do Regime de Gestão de Ativos. Se adicionarmos licenças, passamos a estar ao abrigo da DMIF, o que obriga, praticamente, a duplicar os reportes”, conta Armando Nunes. Mas se até agora não sentiram necessidade de começar a percorrer esse caminho, agora começam a sentir. “Queremos cimentar uma abordagem de mercado similar à do private banking. Um serviço tailor made de planeamento financeiro, à medida. Faz sentido procurar agora essas licenças”.
A entidade encontra-se também, no momento, a avaliar as implicações que o novo Regime de Gestão de Ativos poderá ter no seu negócio. Concretamente, a avaliar “o que se pode fazer no sentido de simplificar a operação e reduzir custos administrativos e de compliance”, conta o CEO. Porém, as primeiras conclusões não são animadoras, principalmente porque, em virtude de gerirem um OICVM, estão obrigados aos mesmos processos que uma grande entidade financeira está. “Só somos considerados uma entidade pequena se, a par com menos de 500 milhões de euros de ativos sob gestão, apenas gerirmos organismos de investimento alternativos. Faz-nos ponderar se faz sentido manter o nosso PPR e ser, por isso, considerados uma entidade de grande dimensão, mas vamos ver como a CMVM irá regulamentar a lei”, explica.
ESG e sustentabilidade
Finalmente, no que diz respeito à integração de critérios ESG e de sustentabilidade nos seus processos, Armando Nunes vê inevitável esse caminho, mas mostra-se crítico face ao papel do supervisor. “Num país com a nossa dimensão e com as nossas caraterísticas deveria existir uma abordagem mais similar à supervisão luxemburguesa. Para esta, a preocupação é, respeitando a diretiva, como se vai facilitar o suficiente a vida à indústria para não ser subjugada pelo peso da burocracia. Em Portugal isso não acontece, e isso é negativo para todos os intervenientes. Para a supervisão, por um lado, que tem muito mais trabalho, e para as entidades gestoras que se veem obrigadas a ter que cumprir com exigências que não acrescentam valor”, comenta.
Contudo, quer como sociedade gestora, quer ao nível dos fundos, o CEO acredita que é importante para a sua estratégia de longo prazo percorrer o caminho ESG. “A nossa estratégia para ganhar dimensão em termos internacionais exige que, mais cedo ou mais tarde, alinhemos os nossos produtos com o ESG. Para já, mantemos a abordagem o mais leve possível”, termina.