As carteiras de investimento da Fundação Oriente em 2019

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Sobre as contas de 2018 a Fundação Oriente escrevia no ano passado que estava “gizado um plano de investimentos orientado para outras fontes alternativas de rendimentos, como sejam as “Propriedades de Investimento”, que tenham associados contratos de arrendamento de longo prazo com entidades sólidas e credíveis assegurando valores de renda claramente mais favoráveis do que os proporcionados pela prolongada conjuntura de baixas taxas de juro”. Um ano depois, pode ler-se no documento com as contas de 2019 que foi dado um passo em diante. "Em primeiro lugar e conforme já tínhamos anunciado no Relatório de 2018, concretizou­-se a alienação dos ativos sob gestão do Fundo NovEnergia li, operação que proporcionou à Fundação um significativo reforço de liquidez", dizem numa operação que resultou num valor de 68,76 milhões de euros de fluxo de caixa para a entidade. Adicionalmente e "prosseguindo a estratégia de alienação de investimentos sem o desejável retorno ou geradores de perdas, registou-se a alienação dos imóveis que constituíam a Villa Termal Caldas de Monchique Spa Resort, a par da alienação da Sociedade das Termas de Monchique, que integrava o universo de participadas indirectas da Fundação". Este "considerável incremento" de liquidez da fundação foi "determinante para a execução de importantes investimentos em dois imóveis "Modelo Continente" associados a contratos de arrendamento de prazo mínimo de 20 anos e rentabilidade assegurada, viabilizando um fluxo regular de rendimentos". 

No entanto, a entidade dá conta que uma parcela significativa do valor recebido do Fundo NovEnergia li veio reforçar as carteiras de ativos financeiros sob gestão e "como neste exercício de 2019 a performance e evolução dos mercados financeiros foram claramente positivas, a Fundação obteve uma extraordinária valorização destes seus ativos financeiros". 

Investimentos mobiliários da fundação

A rubrica de Activos Financeiros detidos para negociação, que representa na prática a carteira de investimentos mobiliários da fundação, atingia no final do ano passado o montante de 123 milhões de euros, o que compara com os 148,5 milhões registados no exercício de 2018 sendo que o "decréscimo registado em relação ao exercício de 2018 é explicado pelo saldo líquido entre o reembolso de aplicações financeiras; pela cobertura de necessidades financeiras de tesouraria e pelas variações de mercado das carteiras de aplicações financeiras". 

"Como primeira componente das Aplicações financeiras geridas no estrangeiro estão consideradas as carteiras de títulos sob gestão discricionária de instituições financeiras no estrangeiro especializadas na gestão de ativos", valorizadas em 95.9 milhões de euros no final de 2019, o que compara com os 60,9 milhões de 2018. "A evolução positiva em relação ao ano de 2018 é explicada pelo somatório de duas componentes: reforço das carteiras no montante líquido, de entradas e saídas, de € 24.794 milhares e variação de mercado positiva, registada pelo conjunto de aplicações que compõem aquelas carteiras de títulos, no montante de € 10.255 milhares (rentabilidade anualizada positiva, líquida de comissões de gestão, de 10,69%)", pode ler-se no relatório e contas. 

Total

A fundação comenta também que nestes ativos geridos fora do país, o peso das componentes de menor risco - liquidez (depósitos); obrigações representativas da dívida pública de Estados soberanos de rating superior; obrigações emitidas por grandes empresas internacionais - era de 47,3% do total, no final de 2019, enquanto que a exposição a ações e outros ativos de idêntico risco era de 52,7%. 

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Estas carteiras de títulos geridos no estrangeiro decompõem-se como se segue: 

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Em Portugal

Já as aplicações financeiras geridas em Portugal, no montante de 17.7 milhões de euros (6,2 milhões em 2018), são constituídas principalmente por obrigações e liquidez. O saldo destas aplicações corresponde ao somatório dos ativos sob a gestão direta da Fundação (6,5 milhões de euros; 2018: 3,06 milhões de euros), com as carteiras sob gestão do Banco Português de Gestão (6 milhões de euros; 2018: 3,1 milhões de euros), do Santander (5 milhões de euros; 2018: não existiam aplicações sob gestão do Santander) e do BBVA (27,6 mil euros; 2018: 26,7 mil euros) e, quanto ao tipo de ativos que as constituem, resumem-se como segue: 

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"O acréscimo registado em relação ao ano de 2018 é explicado pelo reforço das carteiras com parte do produto da venda da participação no Fundo Novenergia e pelas variações positivas de mercado registadas no conjunto destas aplicações", comentam da entidade.  

COVID 19

Embora seja um evento subsequente às contas apresentadas, a fundação dá conta no relatório que "a valorização da sua carteira de ativos financeiros sofreu com o colapso dos mercados registado em março, embora paulatinamente tenha vindo a assistir-se a uma razoável recuperação na rendibilidade. O enorme desafio que representa esta anómala situação de surto pandémico, à qual está associado um considerável grau de incertezas, não permite, neste momento, determinar com objetividade um resultado final. Face à informação atualmente disponível, no que se refere designadamente à situação patrimonial e de liquidez da Fundação, e igualmente ao valor das carteiras de ativos financeiros, o Conselho de Administração da Fundação considera que está devidamente salvaguardado o pressuposto da continuidade das operações da Fundação que sustentam as demonstrações financeiras agora apresentadas". 

Procedimentos e estratégia

De notar que em 2019 foram definidos determinados parâmetros para limitação do risco, sendo de referir os seguintes que se encontravam em vigor no final do exercício: 

i) "a exposição das carteiras por divisa deverá cumprir o limite mínimo de 70% em euros e o restante em dólares dos EUA ou outras divisas; em 31 de Dezembro de 2019 a exposição total das carteiras ao euro era de cerca de 78,86%.

ii) a exposição das carteiras por ativo é definida carteira a carteira e, em termos gerais, deverá respeitar os limites máximos de 60% em obrigações e de 50% em acções. O ano de 2019 terminou com o conjunto das carteiras a apresentarem a seguinte natureza de aplicações: depósitos e operações cambiais, 1, 10%; obrigações e fundos de obrigações, 46,56%; ações e fundos de ações, 51,79%e fundos alternativos de investimento, 0,55%".

Adicionalmente, a fundação analisa numa base mensal do desempenho das operações realizadas dentro das diversas carteiras, comparando as rentabilidades dos portfolios com os "benchmarks" acordados com os bancos e reuniões regulares entre o Conselho de Administração e os responsáveis pela gestão das carteiras nas diversas instituições, no sentido de efetuar o exame do desempenho de períodos anteriores e avaliar as perspetivas e eventual revisão dos objetivos para os períodos seguintes. 

"A fundação tem mantido, ao longo da sua história, esta estratégia de gestão de ativos financeiros assente numa grande seletividade na composição das carteiras, visando a defesa da integridade do capital investido, em prol da preservação da solidez financeira da fundação e da sustentabilidade do seu tipo de atividade. As rentabilidades destes portfólios, quando analisadas a médio/longo prazos, permitem verificar, por um lado, uma adequada relação risco/retorno e, por outro, níveis de rentabilidade normalmente superiores à obtida pela aplicação da liquidez nos mercados monetários em instrumentos financeiros de curto prazo, diferencial que se acentua neste prolongado ambiente de baixo nível das taxas de juro em que temos vivido".

Fundo de Pensões

Por fim, sobre o fundo de pensões de benefício definido dos funcionários da fundação - gerido pela Futuro -, apresentava um detalhe por natureza dos ativos como explícito abaixo.

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