As fortes correções de fevereiro e o coronavírus afastam investidores do sector da saúde

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Fevereiro marcou o rebentar da crise do Covid-19 na Europa, em particular em Itália, deixando o país mergulhado num cenário aterrador semelhante ao de um filme de ficção científica. As consequências da internacionalização do vírus, que até então se tinha mantido praticamente contido ao território chinês, fez-se sentir nos mercados de valores levando a fortes quedas e consequentemente à fuga para os clássicos ativos refúgio. “Tal como explica Bruno Pinhão, gestor de produto – investimentos do ActivoBank, “a propagação do Coronavírus para o exterior do continente asiático trouxe muita pressão ao mercado devido ao encerramento de fábricas e constrangimentos na circulação de pessoas e bens”.

As correções verificadas um pouco por todos os mercados motivaram alguns dos resgates protagonizados pelos clientes das plataformas que distribuem fundos de investimento. Entre os fundos mais vendidos “é possível encontrar essencialmente fundos de obrigações flexíveis e algumas estratégias mais específicas no crédito de empresas”, explica Rui Castro Pacheco, diretor-adjunto do Banco Best.

“No quadrante dos fundos mais resgatados, os clientes do ActivoBank dispersaram e abdicaram de exposição a vários setores e geografias”, refere Bruno Pinhão. O profissional atribui a causa desta realização de mais-valias ao “contágio geral que o Coronavírus teve pelos diversos mercados” que arrastou para o vermelho muitos índices e setores. “Entre os sectores mais penalizados estão as Viagens e Lazer devido às limitações de deslocação de pessoas, o Energético devido à abrupta diminuição da procura e o dos Recursos Naturais dada a sua elevada exposição à China”, esclarece. Nas palavras do gestor do ActivoBank, “sectores globais como a tecnologia e a saúde e geografias como Ásia, Estados Unidos da América e Europa deixaram rasto entre os fundos mais resgatados no mês de fevereiro”.

Tiago Gaspar, responsável pela Análise e Seleção de fundos do Banco Carregosa, conta que no mês em análise observaram que no segmento das obrigações, “a subclasse de high yield foi a mais resgatada”. Também entre os clientes do Banco Carregosa se verificou uma saída de estratégias do sector da saúde. Tiago Gaspar explica que em fevereiro foram registados resgates com “uma particular incidência nos fundos de ações temáticos”, nomeadamente em produtos relacionados com os sectores da saúde e tecnologia.