As quatro opções da Pictet Wealth Management para retornos com as taxas de 0%

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Créditos: Joel Abraham (Unsplash)

Gerar retornos reais positivos num contexto de elevada inflação e baixas taxas de juro é uma tarefa complicada, mas não impossível. Christophe Donay, diretor de Análise Macroeconómica da Pictet Wealth Management e César Pérez Ruiz, CIO e diretor de Investimentos da mesma empresa, falaram sobre isso numa conferência em que analisaram os desafios e oportunidades enfrentados pelos investidores neste 2022. Um ano que qualificam como o “ano do camaleão”.

“Vivemos num mundo de repressão financeira em que os investidores obrigacionistas não terão muitas opções para alcançar retornos reais positivos”, comenta César Pérez. É por isso que a divisão de banca privada da Pictet recomenda quatro fontes alternativas para alcançar esta geração de retornos.

A primeira delas é recorrer a ações de empresas que apresentam não só bons dividendos, mas também têm uma política de crescimento dos mesmos.  Mais do que isso, tendo em conta que o spread entre a rentabilidade dos dividendos e a das obrigações aumentou nos últimos anos de taxas a 0%. Tanto que estimam que o número de empresas no índice S&P 500 com rentabilidade por dividendo superior à rentabilidade até à maturidade da sua dívida é de cerca de 80%.

Fonte: Pictet WM - AA&MR, Factset

A segunda e terceira opções estão dentro do universo do rendimento fixo. “Optámos pelo crédito investment grade asiático, bem como pelas emissões das empresas consideradas rising stars, onde se tem observado um grande crescimento nos últimos anos”, explica Pérez. E a última alternativa é procurar esse alfa adicional recorrendo ao investimento em divisas de qualidade. 

Fonte: Pictet WM - AA&MR, Factset

Back to normal

Tudo isto num contexto que estimam estar a normalizar, tanto em termos de crescimento económico como de taxas de inflação, em que as ações serão, mais uma vez, o ativo com melhor desempenho. “Em 2022 esperamos um ano de normalização do crescimento económico e também da estabilização dos níveis de inflação em 1,7% na Europa e a 2,1% nos EUA em 2023”, explica Dornay.

Em todo o caso, salientam que a inflação, quer seja cíclica ou estrutural, é algo que os investidores devem estar atentos nos próximos meses e, por conseguinte, recomendam estratégias que possam servir de cobertura, como a inclusão na carteira de empresas com capacidade de fixação de preços, o setor imobiliário, private equity e matérias-primas.

Esta normalização que preveem na economia e na inflação será também percetível nas políticas monetárias dos bancos centrais. Especificamente, na entidade estimam três subidas de taxas de 25 pontos cada pela Fed e esperam que seja algo que o mercado possa digerir bem. Afinal, como recorda César Pérez, “quando a Fed aumenta as taxas, a história diz-nos que só é mau para o mercado quando a subida é muito abrupta, mas quando o faz progressivamente, os retornos costumam ser de 10 a 20% no S&P500 porque o interpreta como algo proativo e não reativo”.