Em 2015 foram emitidas obrigações de impacto num valor próximo dos 50.000 milhões de dólares. Cinco anos depois, em 2020, as emissões alcançaram os 500.000 milhões.
Fala-se muito de obrigações verdes, azuis, sociais ou até mesmo de rinoceronte (rhino bonds). O investimento de impacto oferece um conjunto cada vez mais amplo e diversificado de oportunidades. Em 2015, foram emitidas obrigações de impacto no valor de cerca de 50 mil milhões de dólares. Cinco anos depois, em 2020, as emissões anuais atingiram os 500 mil milhões de dólares, um montante que já foi ultrapassado no primeiro trimestre de 2021.
Como explica Joshua Kendall, head of Responsible Investment and Stewardship da Insight, filial da BNY Mellon Investment Management, os vários fatores que contribuíram para este crescimento poderiam ser resumidos em quatro pontos.
1. Mudanças de atitude
À medida que a sociedade abraça os valores e prioridades dos millennials e da Gen Z, os investidores estão também cada vez mais interessados em empresas que têm em conta o seu impacto social e ambiental.
2. Compromisso com a sociedade e o ambiente
Cada vez mais empresas reconhecem a importância de apoiar as comunidades locais e proteger o ambiente. A emissão de obrigações de impacto pode servir para demonstrar o compromisso das empresas, multinacionais e governos com estratégias de sustentabilidade e contribuir para a concretização dos objetivos definidos pelo Acordo de Paris e pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
3. Pressão regulatória
As alterações regulatórias ameaçam os modelos de negócio de determinados setores, como o abastecimento público. Se não evoluírem, algumas empresas de setores como a energia poderão enfrentar um futuro incerto. Por exemplo, o abandono gradual do carvão como fonte de energia requer financiamento do desenvolvimento de tecnologias alternativas.
4. Facilidade de emissão
Emitir uma obrigação de impacto é agora mais fácil do que nunca. Os emitentes têm mais apoio e assessoria (de organismos como a International Capital Markets Association ou o ICMA) e os investidores estão cada vez mais a exigir investimentos de impacto.
Um aviso
Embora o crescimento e a aceitação das obrigações de impacto seja muitas vezes considerado algo bom, os investidores devem saber o que estão a comprar. Especificamente, os investidores devem estar atentos à chamada impact washing, avisa Kendall. “As normas de transparência podem ser pouco rigorosas, aumentando o risco desta prática, enquanto um emitente afirma ser de impacto quando, na realidade, não é”, diz.
Como indica, isto, por sua vez, cria problemas na comparação das emissões e no grau de transparência das obrigações de impacto. Além disso, a falta de informação consistente dificulta que os investidores verifiquem se o capital obrigacionista foi efetivamente investido no que foi assumido.
A ICMA tentou resolver este problema com um conjunto de princípios de adoção voluntária. “Os Princípios das Obrigações Verdes do ICMA oferecem um padrão de transparência com a intenção declarada de promover a integridade no desenvolvimento do mercado de obrigações verdes. Os seus princípios de obrigações sociais e princípios de obrigações sustentáveis estabelecem objetivos semelhantes”.
Na sua opinião, o crescimento do mercado de obrigações de impacto oferece mais opções aos investidores que querem contribuir para a resolução dos problemas ligados às alterações climáticas e à desigualdade. “No entanto, a eficácia e validade de cada obrigação de impacto varia, pelo que os investidores devem ter processos robustos que lhes permitam analisar cada emissão e fazer uma escolha com a cabeça”, conclui.