O contexto deste abril de 2021 é muito diferente do que tínhamos no mesmo mês de 2020. Naquela altura, na grande parte dos países assistia-se aos piores momentos da pandemia, com números de mortes pela COVID-19 a disparar, hospitais saturados e a maior parte da população confinada nas suas casas. Hoje, doze meses depois, a campanha de vacinação global permite sonhar com uma progressiva abertura da economia que impulsione o seu crescimento, na qual também teve muita influência a ação sincronizada dos bancos centrais e dos governos no momento de pôr estímulos sobre a mesa.
Não obstante, grande parte desse crescimento económico já estava previsto pelo mercado e isso explica as grandes rentabilidades que se viram em muitos ativos no último ano. “Se olharmos para as valorizações, nada parece barato e acreditamos que a maioria das boas notícias económicas estão já previstas pelo mercado", afirma Joachim Fels, assessor económico da PIMCO que é um dos milhões de pessoas que já recebeu a segunda dose da vacina contra a COVID-19.
Nada está barato no mercado. É essa a primeira mensagem que o assessor quis passar aos investidores aproveitando a apresentação do Ciclical Outlook da gestora à imprensa. De facto, ainda que a gestora continue a estar sobreponderada em alguns segmentos do mercado de ações, nas suas carteiras estão muito centrados na liquidez e em evitar os segmentos de mercado demasiado populares já que, segundo indica, “este ano é muito diferente dos anteriores ciclos económicos pelo que a incerteza é elevada”.
Melhor nos EUA do que na Europa
A segunda mensagem tem a ver precisamente com a sua visão sobre o mercado a nível regional. Num mundo pós-pandémico que deixará consigo uma desglobalização, o especialista recomenda aos europeus viajar para fora da Europa para encontrar as oportunidades que ainda restam no mercado. “Acreditamos que as oportunidades estão mais fora do que dentro da Europa já que há outros mercados que têm mais tecnologia, melhores rentabilidades e melhores previsões económicas”. Por isso, em ações estão sobreponderados nos EUA e na Ásia e subponderados na Europa e nos emergentes, com a exceção da China.
Em obrigações, mostram preferência pelas obrigações de governo dos EUA, para fugir dos segmentos de investment grande e dos mercados emergentes, mas sendo muito seletivos. “A diversificação global tem ainda mais sentido do que no passado", recomenda.
Sem tapering em 2021
Por último, a terceira mensagem que lança aos investidores é acerca de um dos grandes riscos que enfrenta agora o mercado: o risco de inflação. Não obstante, tira o nervosismo ao assunto ao deixar a subida da inflação como algo mais de curto prazo do que de médio ou longo. “Há um risco alto de inflação nos próximos meses. Acreditamos que pode ir até aos 3 ou 4% e isso vai gerar volatilidade nas obrigações, mas também no mercado de ações”, afirma. Mas, em seguida, explica: “Será uma subida temporária e que ficará abaixo do objetivo de inflação da Fed e do BCE no fim do ano". De facto, na gestora acreditam que só em 2022, quando a Fed começar a retirada de estímulos reduzindo as suas compras de obrigações e não vislumbrar subidas das taxas até 2023.