Até onde vão chegar as correções?

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Créditos: Sophie Backes (Unsplash)

As correções e os bear markets fazem parte do investimento em ações, mas a sua magnitude depende frequentemente de serem ou não acompanhados de uma recessão económica. Que contexto histórico tem a atual correção de mercado e que implicações tem para o futuro?

Como explicam na Alger, parceira do grupo La Française AM, historicamente, a queda média do S&P 500 foi de 27% nas correções de mercado não associadas a recessões. “No entanto, as quedas acompanhadas de recessões têm sido muito mais severas, acumulando um retorno negativo médio de 46%, muito mais do que a queda atual de 29%, indicando que poderá haver correções adicionais se a economia entrar em recessão”, alertam.

A este respeito, algumas áreas do mercado de ações corrigiram mais, o que é mais consistente com uma recessão. “Por exemplo, a queda média das ações de pequena capitalização no índice Russell 2000 foi de 47% na última queda. E tem sido ainda maior, de 51%, para as ações do Nasdaq Composite”.

A empresa acredita que algumas áreas do mercado americano de ações, como empresas growth de pequena capitalização, estão a prever um cenário mais próximo da recessão, enquanto outras partes do mercado de ações não estão a refletir nos preços uma possível recessão.

Com os bancos centrais em todo o mundo a aumentarem as taxas de juro para fazer face à elevada inflação, os investidores já estão preocupados com os riscos de recessão. Geralmente, o agravamento da política monetária desencadeia recessões económicas. Depois de ter atingido um máximo histórico no início do ano, o S&P 500 mergulhou em território bearish recentemente. Em regra, fala-se de um bear market quando se regista uma queda contínua de 20% ou mais no mercado de ações desde os níveis máximos.

Análise de dados

Tina Fong, estratega da Schroders, analisou mais de 100 anos de dados para tentar prever o que podem significar para a economia os sérios movimentos de mercado.  Desde 1900, a economia dos EUA só conseguiu evitar uma recessão 30% das vezes em que um bear market ocorreu.

“Estes períodos também duraram menos, de um modo geral, com perdas menos graves em comparação com episódios de território bear com recessões.  Por exemplo, o S&P 500 caiu mais de 20% durante a Segunda-Feira Negra, em outubro de 1987, mas a economia não experimentou uma recessão. Os modelos de trading automático foram em grande parte culpados pela queda de ações”, explica.

De acordo com a especialista, olhando para o futuro, quanto mais durarem as vendas e mais profundas as descidas dos preços, especialmente num contexto em que a Reserva Federal está a subir as taxas de juro, maior o risco de uma recessão.