De acordo com o revelado pela CMVM, os operadores continuam a revelar menor apetência para investir em projetos com elevado risco e em fase de arranque.
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Os dados revelados pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários no Relatório Anual Sobre os Mercados de Valores Mobiliários apontam para um crescimento de 3,1% do montante de ativos sob gestão por parte dos operadores nacionais de capital de risco no final de 2017. Segundo o relatório, este crescimento é explicado, na totalidade, “pelos fundos de capital de risco (FCR), onde se registaram crescimentos relevantes nas participações sociais, nos depósitos e nos outros ativos”. Por outro lado, verificou-se uma queda do investimento por parte das sociedades de capital de risco (SCR), “principalmente em depósitos e outros meios líquidos afetos ao investimento em capital de risco”.
Em termos de atividades com maior investimento, o destaque foram as atividades de informação e comunicação e as atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares. Em sentido contrário ficou o investimento na indústria transformadora e nas atividades de alojamento e restauração.
Quanto a operações mais preponderantes, o relatório destaca que “as operações de reorientação estratégica ou de recuperação de empresas (turnaround) permaneceram as mais relevantes, e corresponderam a cerca de três em cada dez operações de investimento em private equity e a um terço do investimento do sector”. Por outro lado, as operações de expansão e de venture capital canalizaram, cada uma, um em cada cinco euros do investimento do sector. Dito isto, o regulador afirma que “os operadores de capital de risco continuaram a revelar menos apetência para investir em projetos com elevado risco e em fase de arranque, uma vez que o investimento em empresas na fase startup permaneceu reduzido”.
De acordo com os dados, o peso do investimento em capital de risco no PIB nacional é bastante reduzido, representando apenas 2,5%, “o que significa que o capital de risco ainda não se conseguiu afirmar como uma importante alavanca do crescimento económico em Portugal”, pode ler-se no relatório. Para além disto, destaque, ainda, para o facto de que um valor significativo dos investimentos em capital de risco ter sido direcionado para sectores menos propensos à geração de maior valor acrescentado bruto.
Em 2017, foi canalizado para as SGPS não financeiras um investimento total de 1,2 mil milhões de euros, sendo um veículo para investimentos noutras atividades. Já o investimento em atividades imobiliárias representou 363,1 milhões de euros do investimento realizado via fundos de capital de risco e 10,6% do total do sector.
Fundos de titularização de crédito: créditos hipotecários continuam a ser o elemento com maior peso em carteira
O relatório publicado analisa, também, o contexto dos fundos de titularização de créditos (FTC) e das sociedades de titularização de créditos (STC), destacando que o valor sob gestão deste sector diminui, fruto da liquidação de três FTC e do não lançamento de qualquer produto durante o ano transato.
Quanto ao elemento com maior peso na carteira dos FTC, os créditos hipotecários continuam a ser aquele que maior preponderância apresenta. Já o montante emitido de obrigações titularizadas por sociedades de titularização decresceu, tendo-se fixado nos 1,3 mil milhões de euros, sendo que “quatro das sete emissões realizadas foram relativas a outros créditos dentro do sistema financeiro”, pode ler-se no relatório. Outro dos pontos destacados pelo relatório é o facto de “entre os créditos envolvidos nas operações de titularização, o crédito fora do sistema financeiro, detido pela EDP – Serviço Universal, S.A. e relacionado com a implementação de política energética”.
Por outro lado, à semelhança do que se verificou em Portugal, também na Europa a titularização de créditos diminui a atividade, tendo o valor agregado das emissões de titularização atingido os 235 mil milhões de euros – o que contrasta com os 239,6 mil milhões de euros verificados em 2016. “As emissões nacionais corresponderam, assim, a 0,6% das realizadas no espaço europeu”, adianta o relatório.