O responsável de Crédito Europeu e Aggregate da abrdn, Felix Freund, faz uma atualização do fundo de obrigações corporativas europeias por excelência da gestora escocesa.
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O responsável de Crédito Europeu e Aggregate, Felix Freund, da abrdn, entidade que conta com 148.000 milhões de euros em ativos de obrigações (52.000 milhões em crédito investment grade), faz um update do abrdn SICAV II Euro Corporate Bond Fund. Trata-se do fundo de obrigações corporativas europeias da gestora escocesa, um dos fundos emblemáticos da casa e que mais êxito alcançou no mercado ibérico.
Está confiante em relação às obrigações em 2024 por três razões. A primeira deve-se ao estado da economia. “Os EUA estão claramente a evitar uma recessão, algo que o consenso estimava no ano passado. Mas acreditamos que a economia se encontra relativamente bem, abrandando a partir dos níveis muito altos, mas sem entrar em recessão. Estamos estagnados na Europa, mas acreditamos que vamos evitar a recessão. Neste caso, estando estagnados, não estamos a crescer muito, mas também não nos encontramos numa recessão profunda. Acreditamos que esta combinação favorece os spreads de crédito”.
Em segundo lugar, a inflação continua a baixar. “Continuamos a acreditar que a tendência se mantém intacta, e que, com o tempo, vamos convergir para os objetivos dos bancos centrais, o que irá permitir que a Fed e o BCE baixem as taxas, provavelmente, a partir de junho. Creio que o mais provável é que a Fed faça cortes em junho. Acreditamos que tentarão normalizar a política de taxas de juro muito elevadas que estão atualmente a aplicar, o que deverá fazer com que as yields da dívida pública baixem um pouco mais ano”.
A sua terceira razão é que uma combinação de spreads de crédito ligeiramente mais baixos com yields da dívida pública mais reduzidas implica que também se irá obter uma revalorização do capital nesta classe de ativos. “Creio que o que também irá impulsionar um pouco a rentabilidade é, provavelmente, o aumento dos fluxos de entrada a que temos assistido no quarto trimestre. E isto também vai ajudar a impulsionar algumas das yields”.
Na sua opinião, o nível de normalização vai situar-se entre 2% e 2,5% para o BCE, e vão demorar aproximadamente dois anos a alcançá-lo a partir da primeira redução. Para a Fed, considera que este nível vai ser mais elevado e que se irá mover entre 3% e 3,5%. Para alcançar este nível, também espera um período de, aproximadamente, dois anos a partir da primeira redução.
A sua visão para o investment grade em euros neste cenário
Em termos de potencial de retorno, Freund acredita que ainda há um pouco mais de potencial em termos de yields em relação ao que assistimos no quarto trimestre, com as yields atuais, um pouco de estreitamento dos spreads e yields públicas potencialmente mais baixas. E, dentro disso, há segmentos que gostam mais do que outros. “Por exemplo, de uma perspetiva setorial, gostamos dos bancos e do setor imobiliário. Obviamente, os bancos tiveram anos de rentabilidade recorde, e atingiram máximos quanto ao dinheiro que ganham com as margens líquidas de juros, mas continuamos a acreditar que existem casos de melhoria interessantes”.
O setor imobiliário é muito diferente: em 2022, teve um retorno muito inferior devido à subida das taxas de juro. Mas tendo em conta a sua opinião de que as taxas de juro vão baixar, este vento contrário tornou-se um vento favorável, e isso contrapõe-se à valorização de muitas dessas empresas, quanto às quais o mercado continua demasiado pessimista.
“Assim, acreditamos que, para o setor imobiliário, trata-se, na verdade, de um contexto interessante para a seleção de títulos, porque vai haver perdedores que serão prejudicados. Mas os que mantiverem investment grade e permanecerem estáveis, sendo capazes de defender o seu balanço, provavelmente irão obter ótimos resultados. Também gostamos do segmento de dívida subordinada nos bancos e nas empresas, as chamadas obrigações corporativas híbridas”. Em concreto, gostam das híbridas corporativas de dívida subordinada de empresas do setor das utilities ou das telecomunicações.
Não espera que os incumprimentos disparem em excesso. Para a high yield europeia, espera algo entre 4% e 5%, “mas já estamos próximos, mais ou menos lá. Trata-se de um ciclo de incumprimentos relativamente suave”, considera. Nestas alturas, a high yield tem apenas 4% de incumprimento.
A estratégia do abrdn SICAV II Euro Corporate Bond Fund
A filosofia de investimento do fundo consiste numa seleção de títulos adaptada ao contexto geral. O que significa isto? “Entre 70% e 80% da construção da carteira baseia-se na seleção das melhores ideias dos nossos analistas de crédito”, afirma.
E os restantes 20% da carteira centram-se em temas do contexto, por exemplo, macroeconómico, como o crescimento, o risco político ou a crise da zona euro. Também podem ser temáticas, como as últimas mudanças na Inteligência Artificial e na forma como digitalizamos o mundo.
O fundo está muito diversificado. “Normalmente, temos 200 emitentes diferentes e, no máximo, 400 obrigações. Investimos em toda a estrutura de capital, pelo que podemos entrar em obrigações preferenciais. Temos obrigações subordinadas, TIER 2, mas também TIER 1 para bancos e empresas de seguros. E no setor corporativo, podemos investir até 10% em obrigações high yield. Estes 10% costumam ter um rating BB. No geral, procuramos candidatos entre as rising stars ou empresas com investment grade que tenham uma dívida subordinada em circulação com qualificação BB”, explica.
Posicionamento atual da carteira
Voltaram a estar mais positivos em relação ao mercado no final do terceiro trimestre e no início do quarto, visto que acreditavam que o pico das taxas de juro estava próximo devido às declarações dos Bancos Centrais, mas também devido ao facto de os dígitos da inflação estarem a baixar, e aumentaram o perfil de risco creditício do fundo. Anteriormente, no verão, estavam subponderados em duração dos spreads, a qual aumentaram no início do quarto trimestre, além de aumentarem um pouco a proporção BBB no fundo e de bancos com maior beta no quarto trimestre.
O fundo teve um ótimo comportamento no quarto semestre, e metade das rentabilidades superiores do ano passado deram-se nesse período. Estão sobreponderados em dívida subordinada BBB, em particular, de bancos e utilities.
Equilibraram um pouco a balança, com uma subponderação em cíclicos e alguns segmentos de mercado que lhes parecem bastante caros, como os produtos de consumo básico, por exemplo. A duração da carteira encontra-se em aproximadamente 4,5 anos, relativamente próxima do índice de referência.