As entradas de fundos ISR aceleram na Europa. Só este ano as captações líquidas já superaram as registadas em todo o ano passado. Nunca antes vimos tanto entusiasmo pelo investimento sustentável, nem pela oferta nem pela procura. É importante que a indústria faça esforços maiores na harmonização dos indicadores para caracterizar as propriedades ESG (ambientais, sociais e de bom governo corporativo) das carteiras de investimento. “Há que ter em conta que atualmente há quase tantas normas como gestoras e para o investidor é muito difícil fazer comparações baseadas na pegada de carbono ou outros indicadores”, recordam Luciano Diana, diretor de investimento temático ambiental da Pictet AM e Eric Borremans, diretor de ESG na entidade.
“Devemos fazer finca-pé num pequeno número de métricas, simples e harmonizadas. É melhor do que tentar encontrar indicadores perfeitos que dependem excessivamente de estimativas e suposições. Também há proliferação de etiquetas nacionais ISR, o que complica o registo de fundos em vários países europeus, pelo que a criação de uma etiqueta europeia, o que está a começar a ganhar forma, vai na direção correta”, afirmam.
O objetivo é integrar plenamente fatores ESG na análise fundamental, pois analistas e gestores de carteiras veem as mais valias reais, dado que proporcionam uma perspetiva de complementaridade às análises financeiras mais utilizadas, do excedente de informação. “Em ESG a informação é mais qualitativa e menos coberta pelos analistas financeiros e agências de classificação, já que ainda estamos numa fase de aprendizagem das metodologias de integração. Mas foi realizada uma multitude de estudos académicos de instituições financeiras, que tendem a confirmar que os critérios ESG não têm um impacto negativo na rentabilidade”.
De qualquer maneira, os estudos dos últimos 10, 15 e 20 anos pressupõem acesso a dados de qualidade, e os dados ESG evoluíram e a sua qualidade varia. “Quanto mais atrás no tempo, mais problemas de qualidade ou cobertura. As mudanças climáticas, por exemplo, tiveram um impacto marginal na economia há dez anos quando havia pouco ou nenhum preço do carbono e os fenómenos meteorológicos extremos não eram da mesma magnitude e intensidade de agora. Por isso, um estudo sobre as mudanças climáticas dos últimos 20 anos pode ser ilusório. O preço do carbono aumenta gradualmente entre 25 e 30 euros por tonelada e só agora estamos a ver as condições para que estes fatores tenham uma influência importante nos resultados das empresas e nos fundos de investimento”.