O caso Woodford não foi o único exemplo do que podem provocar os ativos ilíquidos numa carteira. Os Estados Unidos têm também os seus próprios casos. Segundo a empresa de análise, o peso dos ativos ilíquidos em carteira deve ser zero.
O que aconteceu com o fundo de Neil Woodford, que teve de suspender reembolsos pelo importante volume de posições ilíquidas que mantinha em carteira, continua a ser motivo de análise. Ao fim e ao cabo, é uma lição que a indústria pode aprender. A mais importante – segundo John Rekenthaler, membro da equipa de Análise da Morningstar em Chicago – é que “os fundos com liquidez diária não deveriam ter empresas não cotadas em carteira”.
No seu entender, ser permitido fazê-lo é um triunfo da esperança sobre a experiência. “A esperança é que, ao expandir os seus universos de investimento, os fundos possam melhorar os seus retornos. Ter maiores oportunidades deverá conduzir a maiores lucros futuros, particularmente quando, como acontece com o private equity, a classe de ativos oferece maiores retornos esperados”. O problema é que esses retornos esperados podem ser, de facto, meras ilusões.
“Recentemente, vários fundos de ações dos Estados Unidos perderam dinheiro nos chamados unicórnios, empresas novas que alcançaram um valor superior aos 1 000 milhões. Alguns afirmam que essas deceções são de esperar, posto que quando este tipo de empresas alcança valorizações tão altas, deixam de ter um preço atrativo. Não igualarão os rendimentos históricos do private equity”, explica.
Não obstante, até se os gestores forem hábeis no momento de selecionar e comprar private equity, os seus lucros não valem o custo de reputação. O fundo de Woodford foi o maior que entrou na espiral da morte dos ativos ilíquidos, mas na realidade não foi a única vítima. Os Estados Unidos têm os seus próprios exemplos.
“Os fundos de Woodford são os maiores que foram vítimas da iliquidez dos ativos, mas não os únicos. Os Estados Unidos têm os seus próprios exemplos. Alguns deles até foram censurados por fixar o valor dos seus ativos ilíquidos, um problema que não acontece com as ações que negoceiam em bolsa. Permitir que os fundos com liquidez diária mantenham investimentos que não a têm é uma tolice. O limite adequado para tais valores em carteira é zero”, conclui.