Balanço dos ODS: estagnação desanimadora do progresso

sustentabilidade verde green esg
Créditos: David von Diemar (Unsplash)

O investimento sustentável recebeu um importante impulso durante a pandemia, mas a sua progressão abrandou nos últimos 12 meses. A M&G elaborou um balanço do progresso dos ODS e, em poucas palavras, a análise não transmite uma mensagem animadora. A gestora britânica detetou uma estagnação do progresso. Dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), 15 não fizeram nenhum progresso no último ano. Assim, apenas sete estão no rumo certo para cumprir o prazo de 2030.

É uma leitura desanimadora, como reconhece Ben Constable-Maxwell, responsável de Investimentos de Impacto na M&G e autor principal do relatório. “A invasão russa da Ucrânia, a crise energética e o agravamento da crise do custo de vida está a ter um impacto na capacidade dos países mais ricos de manter ou aumentar o capital com o qual enfrentam estes desafios globais”, explica.

Conclusões importantes

Podem destacar-se várias conclusões importantes do relatório da M&G:

  • Não existem progressos na maioria dos ODS: em termos anuais, 13 dos 17 objetivos permaneceram inalterados, dois abrandaram e outros dois aceleraram.
  • Ligeira melhoria em dois ODS: a saúde e o bem-estar (ODS 3) melhoraram graças ao desenvolvimento eficaz de vacinas durante a pandemia da COVID-19 e a outras melhorias no âmbito da saúde e do bem-estar, enquanto a indústria, a inovação e as infraestruturas (ODS 9) beneficiaram de uma melhoria contínua no acesso digital a uma escala mundial.
  • Passo atrás para a energia acessível e limpa: o ODS 7, correspondente à energia acessível e limpa, abrandou o seu avanço quando a invasão russa da Ucrânia desestabilizou o mercado internacional de energia, desfazendo os progressos alcançados e causando o maior aumento dos preços energéticos desde 1970.
  • Aumento da desigualdade: o ODS 10 (redução das desigualdades) viu-se agravado pela COVID-19, enquanto a crise do custo de vida terá um impacto desproporcionado nas economias em desenvolvimento e poderá provocar um efeito dominó em muitos outros objetivos.

No entanto, Constable-Maxwell pede para não se deixarem levar pelo derrotismo. “Dadas as profundas tensões nas finanças públicas, o investimento do setor privado é mais necessário que nunca para contribuir para o progresso mundial em direção aos objetivos”, afirma. Na sua opinião, a COP 27, que será celebrada em novembro, é uma boa oportunidade para que os líderes políticos e o setor privado reflitam sobre a permanente necessidade de cooperação para abordar os problemas mais urgentes da nossa geração.