Xiadong Bao, cogestor da estratégia EdR Big Data, explica por que razão os dados são fundamentais para obter uma correta exposição à inteligência artificial.
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“Os investidores podem estar excessivamente otimistas quanto aos possíveis benefícios para as empresas norte-americanas que Trump 2.0 trará, com uma inflação sticky que pode adiar os cortes da Fed”, afirma Xiadong Bao, gestor de fundos de ações internacionais da Edmond de Rothschild Asset Management e cogestor da estratégia com Rating FundsPeople 2024 EdR Big Data. Do mesmo modo, segundo o especialista, os benefícios a curto prazo das aplicações generativas da IA podem também estar a ser sobrestimados, enquanto as elevadas expetativas depositadas atualmente nos preços das ações podem ser revistas nos próximos meses.
“Esperamos que a volatilidade do mercado aumente a curto prazo, o que poderá ser exacerbado por novos desenvolvimentos geopolíticos após as eleições norte-americanas”, afirma Xiadong Bao. “Enquanto as ações europeias e dos mercados emergentes há muito que são afetadas pelo pressuposto de um maior risco pautal, as empresas norte-americanas ainda têm de ser avaliadas pelo mercado quanto a possíveis riscos económicos e geopolíticos da nova administração Trump”, resume o gestor.
Os dados estão no centro da IA
Segundo Xiadong Bao, a principal questão é como o tema do Big Data pode ser imune a este contexto marcado por várias incertezas. “Embora o mercado costume olhar unicamente para o setor tecnológico para obter exposição ao tema Big Data/IA, e isso tem sido bastante visível na agitação gerada por alguns títulos de semicondutores, continuamos convencidos de que o Big Data é um tema amplo que provavelmente terá impacto numa grande variedade de setores”, explica o gestor. “Se tomarmos a GenAI como exemplo, há três ingredientes: poder de cálculo, algoritmos (ou LLM) e dados”, acrescenta.
“Embora o mercado esteja demasiado entusiasmado com os dois primeiros, acreditamos que os dados estão no centro. É certo que a IA generativa pode mudar as regras do jogo em muitos setores. Estamos apenas no início da exploração de todo o potencial destas LLM, mas acreditamos que o mercado tem ignorado a importância dos dados, a autêntica mina de ouro na Era da IA”, afirma. “O comportamento destes grandes modelos linguísticos não é necessariamente determinado pela arquitetura, pelos parâmetros ou pelas otimizações, é determinado pelos conjuntos de dados de elevada qualidade que foram utilizados para treinar o modelo”, avisa o especialista.
Desta forma, espera-se que a proliferação de aplicações de IA a longo prazo beneficie o tema do Big Data. “Os dados próprios de elevada qualidade são a matéria-prima para a implementação de melhorias da eficiência da IA em quase todos os setores, desde a administração pública à indústria, desde os mercados desenvolvidos às economias emergentes. O aumento da produtividade através de modelos bem testados e dados em tempo real abrirá novas fronteiras para as inovações, desde a investigação biológica à indústria de serviços, desde o comércio eletrónico à educação, desde as soluções de mobilidade até à produção automatizada”, afirma o profissional.
A estratégia
“O nosso fundo foi estruturado precisamente para responder a esta oportunidade há nove anos e, além dos títulos de análise de dados e infraestruturas que constituem pelo menos 50% da carteira, também investimos em alguns utilizadores de dados seletivos que poderão vir a ser grandes vencedores da revolução de Big Data, como já está a acontecer nos setores da energia, da saúde, da logística, da defesa e da banca/seguros”, afirma o gestor.
O EdR Big Data pretende investir em empresas não tecnológicas com excelentes equipas tecnológicas internas e que exploram dados nos seus respetivos setores. Para isso, recorre a análises independentes, realizadas através de redes de académicos, especialistas do setor e destacados grupos de reflexão (por exemplo, GLG, Qalis e IFRI), que fornecem informações sobre a dinâmica do setor e do contexto macroeconómico e normativo.
“Também realizamos numerosas visitas a empresas e due diligence para avaliar a qualidade de gestão de uma empresa e a pertinência dos seus objetivos e estratégia a longo prazo. Reunimo-nos sistematicamente com cada empresa da carteira antes de investir e tentamos manter um diálogo regular e ativo com a direção das empresas”, afirma. Compreender a principal dinâmica do setor também é fundamental para o quadro de investigação: “O nosso objetivo final é centrar-nos nas empresas com grandes barreiras de entrada e fortes motores de inovação e crescimento transnacional”.
Processo de investimento e atualização da carteira
A valorização é um pilar fundamental do processo de investimento em fundos e representa o primeiro nível de gestão de risco. “Um dos maiores erros que os investidores podem cometer é pagar demais por uma tecnologia”, afirma Xiadong Bao. “Uma empresa que possui uma tecnologia perturba parte da nossa disciplina de compra/venda e leva-nos a reduzir uma ação quando consideramos que a hipótese de crescimento dos mercados não está em sintonia com os fundamentais das empresas”, afirma. “Esta é uma das razões pelas quais reduzimos a Nvidia na segunda metade do ano passado, apesar de termos mantido a ação em carteira durante os últimos nove anos”, explica.
“Embora reconheçamos que pode haver focos de sobrevalorização em algumas partes do mercado, tentámos proteger a carteira dos riscos de sobrevalorizção investindo em empresas com ativos tecnológicos estratégicos que operam com hipóteses realistas de crescimento/rentabilidade, o que explica por que razão o fundo foi bastante imune às quedas de 2022 no setor tecnológico”, afirma. “Entre as recentes incorporações na carteira estão a Nasdaq, a Unity e a Teledyne”, conclui.