Depois da dívida, as ações. O BiG, no seu Outlook para o segundo trimestre do ano, debruça-se também sobre algumas perspetivas para o mercado acionista e começa por inferir sobre o prémio de risco deste mercado: “o equity risk premium tem atingindo um nível consideravelmente baixo (nível corrente de 2.9%, média 10 anos de 3.8%)”. Na perspetiva da entidade, neste contexto, será difícil para os mercados acionistas nos Estados Unidos “absorverem taxas de juro significativamente mais elevadas”.
Possível desvalorização do S&P
Assumindo que o nível de 2.9% do equity risk premium se mantém inalterado, bem como os atuais valores de lucros por ação estimados para 2018, da entidade estimam “uma pressão considerável no mercado acionista, em função da previsível subida das taxas de juro (10 anos) ao longo do ano, tendo o nível atual de 2.8% como referência”. Ainda nos EUA, da equipa de research são da opinião de que, tendo em conta o “nível das taxas de juro americanas com a maturidade de 10 anos entre 3% e 3.25% até ao final do ano”, o índice S&P poderá sofrer uma desvalorização próxima dos 5 pontos percentuais.
Os efeitos da volatilidade
A forte correção de mercado verificada no início do ano fez com que a maior parte dos índices apresentassem “múltiplos abaixo da mediana dos últimos anos, uma situação que contrasta com o fair value observado pelos mercados norte-americanos em 2018”.
Neste sentido, o BiG realça no documento referente às perspetivas o valor ainda existente na Europa. “A Europa continua a ser a geografia a apresentar o maior potencial de geração de valor relativo, em seguimento da maior magnitude dos descontos dos índices face os valores históricos, com este desconto a ser gerado pela evolução negativa dos mercados do Velho Continente year to-date”.
Na Europa precisamente, uma análise detalhada dos sectores do Euro Stoxx 600 permitiu por parte da equipa de research do BiG detalhar algumas conclusões. Destacam, por exemplo, “a avaliação ‘dispendiosa’ do sector tecnológico europeu, especificamente ao nível do PER”, embora esta não seja contudo “acompanhada por métricas de rentabilidade elevadas”.
Relativamente aos sectores mais negativamente expostos a uma política monetária menos acomodativa pelo BCE- como as utilities e o imobiliário - da equipa alertam para o elevado desconto que lhes tem sido aplicado. “Os balanços mais alavancados destes sectores acarretam maior risco num enquadramento de subidas de taxas”, indicam.
Em sentido contrário, “olhos bem abertos” relativamente ao sector financeiro. No documento da entidade é realçado que este tem sido um dos sectores “mais beneficiados por maiores taxas”, apresentando um perfil de múltiplos a relativo desconto, que realça o interesse do sector num contexto de normalização dos níveis de rentabilidade.