Fique a par das principais conclusões do mais recente BlackRock People & Money 2024. Um inquérito da entidade gestora, em parceria com a YouGov, sobre as tendências de investimento dos investidores europeus.
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Recentemente, a BlackRock apresentou publicamente o BlackRock People & Money 2024. Um inquérito com dados encomendados pela YouGov que analisou as tendências de investimento dos investidores, atuais e potenciais, bem como as razões pelas quais as pessoas em toda a Europa se sentem incapazes de investir. Conta com a participação de mais de 36 mil pessoas em 14 mercados europeus. De entre as várias conclusões possíveis de retirar, destaque para o crescente interesse em instrumentos de gestão passiva, como os ETF, e o aumento do número de investidores entre mulheres e as gerações mais jovens, concretamente a geração Z e os millennials, comparativamente ao último relatório.
De acordo com o documento, há 113 milhões de investidores na Europa, dos quais 11 milhões são novos investidores, desde o último inquérito. É na Alemanha que se regista a maior quantidade de investidores, cerca de 26 milhões e no Reino Unido o maior crescimento de novos investidores, mais de três milhões. Em Portugal, o total de investidores atuais ascende a dois milhões, o que corresponde a 28% dos adultos. Segundo o inquérito, estima-se que haja mais de 300 mil novos investidores, a nível nacional.
Timo Toenges, responsável de Digital Wealth para a EMEA, da BlackRock, explica que “os investimentos das famílias na Europa aumentaram drasticamente desde 2020 devido a uma confluência de fatores, incluindo barreiras mais baixas para aceder a investimentos através de canais digitais, tanto de novas plataformas, como de bancos tradicionais”. Outra das principais razões para tal assenta no facto dos europeus “continuarem a debater-se com vários desafios financeiros, incluindo a falta de provisões suficientes para a reforma”, justifica.
O relatório também indica que 19% dos consumidores europeus afirma ser provável que comecem a investir, ou a investir mais, nos próximos 12 meses. Esse movimento será liderado, em grande parte, por investidores jovens e mulheres, que devem compor a próxima grande onda de novos investidores no mercado.
Plataformas digitais impulsionam ETF
Relativamente aos ativos preferidos, as ações representam mais de metade, mantendo-se ao nível de 2022. Seguem-se os fundos de investimento tradicionais, também em níveis idênticos ao último relatório, ao contrário da alocação a ETF que registou um aumento expressivo de 19%, seguido pelas obrigações e criptomoedas, ambas com um aumento de 8%.
No caso concreto dos ETF, segundo o inquérito, um em cada cinco investidores europeus possui agora este tipo de ativos, com um crescimento equivalente a 4,1 milhões de novos investidores em relação a 2022. Este é um crescimento amplamente impulsionado pela acessibilidade das plataformas digitais, como referido previamente. Independentemente da faixa etária, as plataformas de investimento online dominam o cenário europeu: 44% dos europeus que possuem ETF preferem aceder aos mesmos através de plataformas independentes ou corretores, enquanto 37% utilizam a plataforma de investimento online do próprio banco e 13% optam por um robo advisor. Apenas 21% dos inquiridos escolhem falar com um consultor do banco e 13% recorrem a um consultor financeiro independente.
Plataformas ganham importância em Portugal
Em Portugal, a preferência por plataformas digitais é ainda mais acentuada. Cerca de 87% dos investidores portugueses de ETF utilizam uma plataforma de investimento online, seja independente, do banco, ou um robo advisor. De acordo com André Themudo, responsável de Negócio da BlackRock em Portugal, “o mercado português de ETF continua a registar um crescimento robusto, com o nosso inquérito a prever um aumento de 54%, o que duplicará efetivamente a base de consumidores de ETF nos próximos 12 meses”. Prevê-se também que Portugal registe um dos níveis mais elevados de investidores principiantes, com 40% dos inquiridos sem qualquer investimento atual a indicarem que tencionam começar a investir através desses instrumentos de gestão passiva.
Mais jovens e mais investidoras
De acordo com o documento, 29% das mulheres, em toda a Europa, investem atualmente, o que representa uma variação relativa de 11% no número de investidoras face a 2022. Em linha com o crescimento do investimento em ETF, as mulheres foram, precisamente, as que mais contribuíram para tal, 37% contra 13% para os homens. Também no segmento de criptomoedas o crescimento tem sido mais elevado entre as mulheres, com um aumento de 18% relativamente ao último relatório.
Como já referido, o crescimento no número de investidores na Europa foi deveras impulsionado pelas gerações mais jovens. Segundo o relatório, 46% dos investidores da faixa etária entre os 25 e 34 anos investe atualmente, o que representa um aumento de 13% em relação ao ano anterior. Os jovens estão a impulsionar o crescimento do investimento em Portugal, com a geração Z e os millennials a registarem o único aumento no número de investidores desde o estudo anterior. Entre os jovens com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos, o investimento subiu de 34% para 36%, e entre os 25 e os 34 anos, de 37% para 41%.
Falta de dinheiro para investir
Questionados sobre as razões para não investirem, 65% dos não investidores europeus considera a falta de dinheiro a principal razão. Um terço dos inquiridos apontou também a falta de conhecimentos suficientes sobre investimentos como outra das razões. Mais evidente nos inquiridos jovens (56%), ao passo que a principal razão para as pessoas com mais de 35 anos é a perceção de falta de dinheiro (69%).
Os portugueses são também menos propensos a investir, com 27% dos inquiridos a afirmar não ter atualmente quaisquer poupanças ou investimentos, identificando a falta de disponibilidade financeira, como o principal fator para não investirem (69%). Para a geração Z e os millennials, outro obstáculo significativo é a já mencionada falta de conhecimentos sobre os benefícios ou o não saber por onde começar (43%).