Resumo de semana caótica
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Esta semana, nos mercados, as atenções foram dominadas pelos EUA e pela China.
Começando pelos EUA, é de referir que a publicação dos dados referentes ao PIB do 2º trimestre confirmou as expectativas optimistas. A segunda estimativa foi revista em alta de 2.3% para 3.7%. Maior investimento, mais consumo favoreceram a revisão em alta, suportada também pelo aumento dos inventários, do gasto governamental e das construções de casas.
Estes dados continuam a demonstrar a relativa recuperação da economia e apesar de cada vez ser menos provável a subida de taxas em setembro, parece razoável pensar em subida de taxas ainda este ano. Alguns membros do FOMC irão questionar sobre as vantagens de manter o ZIRP enquanto a economia, e em particular o mercado de trabalho, dá mostras de estar a ganhar tracção.
O Dólar Americano continua a ser a divisa com melhor performance dentro do G5, sendo cotado perto dos 1.1250 (na altura em que estas linhas foram escritas).
A China continua a dominar as atenções. Cada vez mais analistas duvidam da veracidade dos dados que são publicados e o facto de apontarem para crescimento na ordem dos 7% nos primeiros dois trimestres do ano levanta muitas dúvidas.
É muito estranho que um país como a China, com 1.4 biliões de pessoas e com uma economia em transformação, consiga publicar dados relativos à sua actividade económica com tanta rapidez. Os dados do PIB por exemplo são apresentados com semanas de antecedência em relação às economias desenvolvidas, como os Estados Unidos ou o Reino Unido.
A turbulência no mercado bolsista Chinês tem repercussão em todo o mundo. Na passada segunda feira tivemos nos mercados financeiros aquilo a que se chamou uma segunda-feira negra.
Esta expressão foi usada pelo Diário do Povo, de Pequim, ao noticiar a queda de 8,49%, a maior desde 2007, do Índice Xangai Composto. Depois de subir perto de 150% no ano passado, neste momento já acumula perto de 50% de queda.
Analistas de todo o mundo, discutem a situação da China e especulam sobre a dimensão real da crise, e uma certeza já é possível ter: países emergentes, com forte componente de exportação de commodities são os principais perdedores.
Este jogo é um jogo de confiança, e quando não existe confiança, o botão de venda é pressionado com muito mais ligeireza.
Adicionar liquidez e cortar rácios nas reservas dos bancos é a solução já colocada em prática pelo Banco Central mas não me parece que seja suficiente para restaurar a confiança. Esta resposta do PBoC coloca em dúvida o seu compromisso com o mercado livre e a sua capacidade de gestão da transição de modelo económico que a China vive neste momento.
Todos os países muito dependentes da venda de minérios e de produtos agrícolas estão a ser prejudicados pela mudança das condições do mercado e, de modo especial, pelo menor dinamismo da economia chinesa.
O exemplo perfeito disso é o Brasil, com a sua conta corrente a apresentar um deficit de 4.58% no primeiro trimestre do ano, a maior queda desde que existem registos (1995). O Real Brasileiro perdeu mais de 30% face ao Dolar em 2015 e atingiu a barreira dos 4 Reais por Euro pela primeira vez na história.
Com a China como o seu maior parceiro e com grande parte do crescimento assente na exportação de matérias primas para a China, os próximos tempos afiguram-se como muito difícieis para o Brasil.
As vendas do Brasil para a China no primeiro trimestre ficaram nos 22,68 biliões de Dolares, uma descida de 19.4% face ao período homólogo de 2014. Nas relações comerciais com a China, as vendas de commodities representam perto de 96% ....
O impacto da descida do preço das matérias primas não é só nas economias emergentes, economias de países desenvolvidos, caso do Canadá e a Noruega, a Austrália e a Nova Zelândia por exemplo, também são muito afectadas por este cenário.
A China que durante a última década garantiu a expansão dos preços das matérias primas já não consegue ser o seu grande suporte e o abrandamento da sua economia tem um grande impacto nos preços.
O petróleo continua a ver descer a sua cotação nos mercados internacionais, com o crude Americano perto dos 38 Dolares por barril e o Brent dos 45 Dolares por barril.
O cobre está no nível mais baixo desde 2009, com a oferta a exceder claramente a procura neste momento, num minério que é visto como o fiel da balança em relação ao segmento de matérias primas industriais.