Buffett, Dalio e Gross: três gurus que rogam pragas ao mercado de obrigações

Warren Buffett, Ray Dalio e Bill Gross noticia
Warren Buffett, Ray Dalio e Bill Gross

Os investidores Warren Buffett, Ray Dalio e Bill Gross são três dos mais famosos investidores do planeta e, ainda que defendam estilos de investimento muito diferentes, os três estão de acordo numa coisa: o investimento em obrigações é perigoso.

“A economia do investimento em obrigações (e na maioria dos ativos financeiros) tornou-se estúpida”, afirmou Ray Dalio, gestor do Bridgewater, um dos maiores hedge funds do mundo. Fê-lo nesta publicação no LinkedIn, que tem como título “Why in the World Would You Own Bonds When…” e a partir daí elabora uma longa lista de razões pelas quais, a seu ver, o investimento em obrigações não faz muito sentido.

Não há rentabilidade

Entre essas razões figuram a escassa rentabilidade que oferecem ou o facto de que estão num rally bullish que tem sintomas de uma bolha. “As obrigações estiveram num mercado bullish de 40 anos que compensaram os que tinham posições longas e penalizaram os que adotaram posições curtas, pelo que o bull market produziu um grande número de investidores longos confortáveis, que não se viram afetados pela queda dos preços. Este é um dos indicadores de uma bolha”, afirma o gestor. E, de facto, considera que “os preços das obrigações estão próximos dos seus limites, o que faz com que ter posições curtas seja uma aposta de baixo risco relativo”.

E sim, a inflação assusta

Precisamente essa operação, a de investir a curto prazo em obrigações, foi o que levou a cabo outra referência do mundo dos investimentos, e mais concretamente das obrigações, como é Bill Gross. O que reconheceu numa entrevista com a Bloomberg TV. Segundo explica, tem investido a curto prazo através de derivados em obrigações a 10 anos nos EUA nas últimas quatro semanas, perante a expectativa de que o seu preço continue a cair (e a sua yield continue a subir) como consequência de um aumento da inflação provocado pela subida das matérias-primas que acredita que vai provocar uma marcha-atrás nas medidas de estímulo.

“Depois de três a seis ou doze meses com uma inflação de 3% a 4%, vão fazer uma pausa nas suas políticas atuais”, afirma aquele que foi o fundador da PIMCO. Uma possibilidade que, atualmente, Jerome Powell não contempla, segundo confirmou na última reunião da Fed. Ainda assim, o mercado continua a temer essa possibilidade como se vê no último inquérito a gestores publicado pela BoFA Securities. Tanto que a inflação e o taper tantrum destronaram a COVID-19 como os maiores riscos que enfrentam.

Gross e Dalio não são os únicos que preveem más notícias para o mercado de obrigações. Também o Oráculo de Omaha, Warren Buffett, mostrou as suas dúvidas face ao comportamento que este tipo de ativos pode ter no curto prazo. “Os investidores de obrigações a nível mundial enfrentam um futuro desolador”, afirmou na sua última carta anual a investidores. De facto, apelida de “patéticos” os retornos e afirma não entender como se pode continuar a comprar dívida soberana em países como a Alemanha ou o Japão apesar de oferecerem rendimentos negativos.