Carteiras de seguros e fundos de pensões: aumenta investimento em ativos com duração superior

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Créditos: Marc A (Unsplash)

No seu Relatório de Estabilidade Financeira do Setor Segurador e dos Fundos de Pensões, a ASF retrata como foi a panorâmica geral das carteiras das empresas de seguros e dos fundos de pensões em 2020.

Demos-lhe já a conhecer que os instrumentos de dívida se mantêm predominantes nos dois tipos de carteiras, e quais as mudanças na qualidade creditícia das mesmas . Entretanto é a vez de analisarmos o perfil de durações das carteiras, e ainda a distribuição combinada dos perfis de qualidade creditícia e de durações.

Aumentam ativos com duração superior a 7 anos

Nas durações, a ASF mostra então que no perfil de duração da carteira obrigacionista das empresas de seguros se observou um aumento do peso de ativos com duração superior a sete anos. Foi um incremento de 4,5 pontos, passando estes ativos a representar 22,3% do total. Em sentido contrário, os intervalos de 3 a 5 anos e de 5 a 7 anos conheceram contrações, “o que levou à redução do seu peso conjunto para 34,9%, menos 5,7 pontos percentuais que no ano anterior”. Por seu lado, “as evoluções observadas resultaram, combinadamente, na manutenção da duração média da carteira obrigacionista em torno dos 4,7 anos”.

Por outro lado, nos fundos de pensões, a duração média da carteira obrigacionista é ligeiramente superior. Da ASF referem que no final de 2020 era de 6,6 anos, um acréscimo de 1,1 anos face a 2019. Facto que é reflexo da “redução da representatividade de ativos com duração inferior a sete anos, cujo peso diminuiu 10,5 pontos percentuais, para 63,8%”. Por outro lado, “ressalva-se o ligeiro aumento da categoria de 1 a 3 anos (1,2 pontos percentuais)”.

Tentativa de beneficiar de maior rendibilidade

Quando se analisa de forma combinada a qualidade de crédito e a duração, outras conclusões surgem. Referem que “o reforço mais notável ocorreu nos títulos com Credit Quality Step (CQS) 3 de duração inferior a um ano”, enquanto que “o maior decréscimo se situou nos títulos com a mesma duração, mas com CQS 2”.

Estas evoluções opostas, mas de ordem de magnitude aproximada (4,4 e 3,2 pontos percentuais respetivamente) têm uma justificação. A ASF fala de uma possível “canalização de montantes vincendos para títulos de maior rendibilidade, mas também de curta duração, procurando beneficiar de acréscimos de rendibilidade temporariamente disponíveis nos mercados financeiros”.

A representatividade de títulos conotados como de investment grade fixou-se nos 92,5%, na maioria com durações até 5 anos. A restante amostra é dominada por títulos no limite superior do terreno especulativo, isto é, CQS 4, com um total de 4,2%”, salientam da ASF. Estes factos, dizem, “traduzem propensão a concentração de exposições em torno da fronteira do território de investimento - com maior pendor para o lado mais favorável dessa fronteira”. A entidade alerta, contudo, que este pendor “encerra vulnerabilidade a um cenário de deterioração generalizada da qualidade creditícia, fruto da transmissão para os emitentes dos efeitos nefastos da pandemia sobre o contexto macroeconómico”.

Já nos fundos de pensões, “os principais decréscimos registaram-se ao nível da qualidade creditícia CQS 2 com durações inferiores a um ano (3,9 pontos percentuais) e no intervalo 5-7 anos (2,8 pontos percentuais)”. Também aconteceram na categoria CQS 3 no intervalo 3-5 anos (4 pontos percentuais). No entanto, foi nesta última classe creditícia onde se observaram os principais incrementos, que recaíram sobre durações superiores a sete anos (5,1 pontos percentuais).

Em suma: “A prevalência de títulos conotados como de investment grade permanece, no período em análise, com uma proporção de 96,1%, correspondendo quase dois terços deste universo a durações até 7 anos”.

Fonte: ASF