O responsável de gestão de carteiras da Candriam, Charudatta Shende fala do que diferencia a entidade gestora em termos de capacidades e processos de gestão de obrigações, da transição para o novo regime económico e da estratégia Candriam Bonds Credit Alpha.
O que diferencia a Candriam em termos de capacidades e processos de gestão de obrigações?
Dentro das obrigações na Candriam, temos um forte foco no risco, particularmente no risco idiossincrático (específico) no que diz respeito a emitentes soberanos e corporativos. O nosso objetivo é obter um entendimento total da qualidade de crédito de cada emitente antes de investir. É por isto que um passo muito importante de cada processo de investimento na Candriam é uma classificação de crédito interna para cada emitente que pretendemos adicionar às carteiras. Esta classificação incorpora uma avaliação rigorosa do perfil de negócio e do perfil financeiro da empresa ou do país. A análise integra explicitamente critérios ESG detalhados, que consideramos serem essenciais quando tentamos compreender a capacidade e a vontade de um emitente de cumprir as suas obrigações financeiras.
Esta análise dá-nos uma forte visão do comportamento do emitente a médio e longo prazo. No entanto, compreendemos que as oscilações de curto prazo fazem parte dos mercados de obrigações. Isto leva a flutuações nas valorizações, o que, em última análise, apresenta aos investidores tanto desafios como oportunidades. Em toda a nossa gama de fundos de obrigações, somos extremamente ativos e utilizamos abordagens flexíveis para explorar estas oportunidades e mitigar potenciais drawdowns temporários.
A área de rendimento fixo na Candriam não só cobre seis segmentos (obrigações globais agregadas, mercados monetários, IG, HY, EMD e convertíveis), como também uma vasta gama de fundos artigo 9º dentro de cada uma destas classes de ativos. O nosso compromisso com o ESG nas obrigações implica significativos filtros de exclusão que restringem o universo de investimento para investirmos apenas nos perfis ESG mais fortes, e respeitarmos os KPI do ESG.
Como estamos a transitar para um novo regime económico e como os investidores podem beneficiar dessa transição?
Os mercados de obrigações estão a enfrentar uma mudança de paradigma na postura que os bancos centrais têm adotado desde o início do ano. Os níveis persistentemente elevados de inflação não foram só reconhecidos como tal pelos decisores político, como o seu combate através de uma política monetária mais restritiva se tornou uma prioridade para a maioria dos bancos centrais em todo o mundo. O facto de isto estar a acontecer após mais de 12 anos de acomodação monetária significa que os investidores em obrigações estão a enfrentar um contexto de menor apoio à liquidez e de subida das taxas que não observavam há muito tempo. Posições monetárias hawkish que procuram combater abertamente a inflação através da destruição da procura durante “o tempo que for necessário” (levando a um forte abrandamento da economia) já provocaram picos significativos de volatilidade, que não mostra sinais de abrandamento.
Embora a maioria das subidas de taxas pareça ter ficado para trás, acreditamos que é pouco provável que a magnitude da acomodação monetária não convencional regresse. A acrescentar a esta complexidade estão certas tendências estruturais que ganharam forma ao longo dos últimos anos e que podem ter um considerável impacto nas taxas. O risco geopolítico é, de facto, um desses elementos que se espera que seja um forte motor da atual e futura volatilidade. Com a situação da Rússia, e outros conflitos globais sem sinais de resolução, é provável que o impacto na inflação (nomeadamente nos preços da energia) dure por algum tempo.
O aumento do populismo e a desglobalização a nível global também podem causar picos de inflação e turbulência nos mercados. Uma tendência que registou uma aceleração durante o período COVID foi a descarbonização, uma vez que a regulamentação e as guidelines sobre elementos ambientais foram consideravelmente reforçadas. Isto levou empresas/emitentes a repensar os seus modelos de negócio e a alterar estruturalmente as suas atividades diárias. Este facto não só diz respeito aos emitente, como também tem um impacto material na inflação e no crescimento, sendo assim, mais uma vez, uma fonte de disrupção nos mercados. Por último, a digitalização e a crescente importância da automatização e da inteligência artificial tem uma forte influência nas atividades do negócio. Estas tendências não são apenas uma fonte de disrupção, como também conduzem a deslocações e a oportunidades de investimento à medida que o risco idiossincrático aumenta.
Como as estratégias não direcionais ou menos direcionais da Candriam - como a Candriam Bonds Credit Alpha - podem ser uma boa solução neste contexto?
O Candriam Bonds Credit Alpha é uma estratégia de crédito puramente llong-short, sem viés estrutural, que emprega uma abordagem seletiva e de elevada convicção com uma gestão flexível e ativa para proporcionar uma performance não correlacionada em todas as condições de mercado. A estratégia baseia-se na disciplinada construção da carteira que combina dois grupos de estratégias: fundamental longa/curta e uma quantitativa longa/curta, com uma sobreposição tática para calibrar a exposição global ao crédito e às taxas de juro, atenuar a volatilidade e gerir as correlações com mercados de crédito.
Acreditamos que as perspetivas de mercado descritas acima exigem um maior foco no alfa, uma vez que é provável que a dispersão aumente num contexto em que surgem vencedores e perdedores. Em tais situações, a direcionalidade é menos importante, e esperamos que o Candriam Bonds Credit Alpha seja uma solução viável para os investidores em obrigações. O fundo investe principalmente em mercados de high yield e, por isso, pode beneficiar do aumento do carry na classe de ativos. Além disso, o fundo foca-se numa detalhada pesquisa bottom-up, que integra fatores ESG, o que lhe permite descobrir oportunidades longas e curtas nos mercados de crédito. Os grupos longos/curtos aumentam a capacidade da estratégia para gerar retornos que não estão correlacionados com o mercado, enquanto a sobreposição tática permite à equipa limitar a volatilidade e gerir os drawdowns de uma forma flexível. A estratégia opera num universo de investimento alargado (IG e HY) que proporciona diversificação e é geralmente desprovido de qualquer viés específico. O track record desde o lançamento tem sido extremamente encorajador, com o fundo a proporcionar retornos positivos e uma volatilidade controlada em mercados altamente turbulentos.
Como é que o Candriam Bonds Credit Alpha alcança o objetivo de isolar o alfa para cumprir a sua proposta de valor?
O fundo é composto por dois grupos de estratégias: fundamental longo/curto e quantitativo longo/curto. O grupo fundamental reflete as convicções mais elevadas da equipa sobre os mercados de crédito, expressadas através de posições longas e curtas. Este grupo pode exibir um viés longo, curto, ou neutro em relação ao mercado. O grupo quantitativo é puramente neutro em relação ao mercado e inclui transações de valor relativo, como transações entre divisas, base de crédito e curva. Estas são estabelecidas graças a ferramentas quantitativas próprias que nos permitem monitorizar os mercados e identificar deslocações nos segmentos. A carteira é construída através de uma meticulosa calibração de cada posição que é uma função das nossas convicções, bem como dos limites internos. Embora a construção da carteira não seja regida pelos modelos quantitativos, prestamos atenção aos níveis globais de volatilidade para a manter num máximo de 10% (ex-ante). Para este efeito, implementamos uma sobreposição tática através de Credit Default Swaps e de Total Return Swaps em índices para calibrar a exposição global ao crédito, mitigar a volatilidade e gerir as correlações com os mercados de crédito. A sobreposição tática é mais um elemento de base que nos permite gerir o risco no fundo.
Desde a sua criação em fevereiro de 2021, o fundo apresentou um retorno acumulado de €STR +9,6%. Após o seu lançamento, o fundo atravessou as fases finais de um ciclo de expansão em 2021, ao mesmo tempo que proporcionou com sucesso retornos positivos durante os mercados em baixa de 2022. Além disso, a estratégia captou uma parte significativa da recuperação dos mercados de crédito em 2023 (a 21/09/2023).